quinta-feira, 28 de julho de 2011

Metalúrgicos vão à luta por reajuste salarial de 17,45%

Nesta Campanha Salarial, vamos exigir aumento real e reposição da inflação


Os metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas, Limeira e Santos irão reivindicar 17,45% de reajuste nesta Campanha Salarial 2011. O índice inclui 7,84% de inflação pelo INPC-SP e 8,91% de aumento real. A pauta foi definida nesta quinta-feira, dia 28, em seminário unificado entre os quatro sindicatos, ocorrido em São José dos Campos.

Os metalúrgicos têm como data-base os meses de agosto e setembro. A pauta de reivindicações será entregue na próxima quarta-feira, dia 3, para a Fiesp e setor de Fundição. Na quinta-feira, dia 4, será a vez do setor de autopeças e Sinfavea (montadoras).

Além das cláusulas econômicas, os metalúrgicos também lutarão por reajuste do piso salarial, redução da jornada de trabalho para 36 horas, equiparação salarial e direito à eleição de delegados sindicais e comissões de fábrica. A pauta social inclui um total de 151 cláusulas.

Os sindicatos das quatro regiões realizam, pelo 14º ano consecutivo, a Campanha Salarial Unificada, formando um bloco combativo que representa cerca de 150 mil metalúrgicos.

Diante do crescimento econômico que vive o país, obtido à custa do aumento da exploração dos trabalhadores no último período, bem como em razão do momento de volta da inflação que têm corroído a cada mês os salários, o tema da campanha este ano é “O Brasil cresceu, quero o que é meu”.

“Este crescimento tão festejado pelo governo só aconteceu porque os trabalhadores produziram muito e, mesmo assim, tiveram seus salários corroídos pela inflação e achatados pela política de rotatividade imposta pela patronal. Portanto, nesta Campanha Salarial vamos pra cima exigir aumento real de salário e ampliação de direitos”, afirma Vivaldo Moreira Araújo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas.

Jornada de Lutas

Em agosto, os trabalhadores do bloco unificado participam da Jornada Nacional de Lutas, com duas grandes passeatas pela Campanha Salarial. Em São José dos Campos, vamos às ruas no dia 19. No dia 24, vamos à Brasília, junto com outras categorias protestar contra a política econômica do governo e exigir aumento real de salário.

A Jornada de Lutas vai contra o pacto social proposto pelas centrais sindicais governistas CUT e Força Sindical, que assumiram a estratégia da parceria com empresários e governos, lançado em maio no “Seminário Brasil do Diálogo e Desenvolvimento”.

Por unanimidade, os dirigentes sindicais, cipeiros e ativistas dos quatro sindicatos presentes no seminário, nesta quinta, repudiaram este pacto social em discussão entre sindicais pelegas, governo e patrões.

“Com o pacto, estas centrais querem defender os interesses dos patrões e impor a derrota à classe trabalhadora, com negociações que só levam à redução de salários e de direitos. Nossa estratégia é justamente o contrário: é de luta e de mobilização”, conclui Vivaldo.

Os sindicatos de São José, Campinas, Limeira e Santos abrigam empresas como General Motors, Embraer, Honda, Toyota, Burigotto, Panasonic e Usiminas.

Fonte: SINDMETALSJC

terça-feira, 26 de julho de 2011

Greve em maior mina de cobre do mundo prossegue no Chile

ANTOFAGASTA, Chile (Reuters) - A greve na mina chilena Escondida, a maior de cobre do mundo, entrou no terceiro dia neste domingo sem sinal de acordo para por fim à paralisação. Sindicatos já ameaçam estender o protesto para outras minas do país.

O sindicalista Roberto Arriagada, que representa os trabalhadores de Escondida, disse que a controladora da mina BHP Billiton recusou-se a retomar conversas para ampliar o bônus dos empregados. Ele classificou a decisão da empresa de "um grave erro que pode levar a protestos nacionais".

Líderes representando cerca de 27 mil trabalhadores da estatal Codelco e de minas privadas ameaçaram no domingo iniciar manifestações no âmbito nacional em apoio aos grevistas de Escondida.

"Se alguém for demitido (em Escondida), vamos agir como se fôssemos um só", disse o chefe da federação dos trabalhadores da Codelco, Raimundo Espinoza.

As leis trabalhistas do Chile permitem demissões de empregados que cruzam os braços fora da época da negociação dos contratos trabalhistas.

A mina Escondida estabeleceu um contrato de 44 meses com os trabalhadores em 2009.

A situação na mina Escondida também poderia danificar a imagem do Chile perante a investidores estrangeiros. O país é considerado como um dos destinos mais estáveis para investimentos.

Uma greve geral dos trabalhadores da Codelco em 11 de julho para protestar contra reformas na companhia -na primeira paralisação nacional em perto de 20 anos- despertou o anseio de outros empregados de mineradoras no Chile por melhores salários, diante dos preços do cobre perto do recorde de alta.

Os trabalhadores de Escondida reivindicam um bônus de 11 mil dólares relacionado ao lucro da BHP, o que compensaria uma queda na remuneração anual dos empregados da mina pelo menor volume produzido.

Líderes sindicais afirmaram que as operações na mina Escondida e em seu principal porto de exportação Coloso estão completamente paradas desde que a greve começou, na última quinta-feira.

Representantes da BHP não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto.

Por Moises Avila
Fonte: O Globo

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Petroleiros de Sergipe paralisaram atividades contras demissões e punições

Desde a terça-feira (19) os petroleiros em Sergipe estão realizando paralisações de duas horas. O primeiro dia de paralisação foi na Sede Administrativa. Na quarta-feira, os petroleiros cruzaram os braços na FAFEN. Na quinta-feira foi a vez dos petroleiros do Tecarmo. Os petroleiros do campo de Carmópolis paralisaram na sexta-feira.

“As paralisações são a resposta da categoria contra as demissões impostas pela Petrobrás no último período e as punições aplicadas aos diretores do Sindicato”, disse Toeta, diretor do Sindipetro AL/SE.

Na semana passada, o petroleiro Gilson Xavier dos Anjos, um dos demitidos, faleceu após sofrer uma parada cardíaca. O trabalhador sentiu-se mal após receber o comunicado da homologação de sua demissão.

As demissões são baseadas em uma cláusula do Acordo Coletivo de Trabalho, a cláusula 69. “O Sindipetro AL/SE não teve acordo com este cláusula durante a assinatura do acordo, mas a Federação Única dos Petroleiros (FUP/CUT), como parte das traições que vem cometendo ao longo dos anos, empurrou goela abaixo dos trabalhadores”, frisou Toeta.

Gilvani Alves, Alberto Calasans e Edivaldo Leandro, diretores do Sindipetro AL/SE, foram punidos com 10 dias de suspensão. Na avaliação de Toeta, “como o Sindipetro tem feito a denuncia das demissões, realizado várias paralisações no campo de Carmópolis por melhorias no transporte e na alimentação e, no último dia 7, paralisamos todas as unidades da Petrobrás durante um dia. Essas punições são retaliações da empresa às nossas lutas, mas nós não vamos parar”.

Ações Jurídicas

A Assessoria Jurídica do Sindipetro está entrando com a ação na justiça para reverter as demissões sem justa causa realizadas pela Petrobrás, bem como, busca reverter as punições aplicadas aos diretores da entidade. “Vamos utilizar todos os mecanismos disponíveis para reverter essa situação. A campanha contra as demissões e punições continua. Reafirmamos sempre, mexeu com meu companheiro, mexeu comigo”, falou Toeta.

Abaixo assinado

Começou a rodar nas áreas o abaixo assinado, aprovado em assembleia da categoria, exigindo o cancelamento das demissões e das punições. O abaixo-assinado repudia as medidas autoritárias da gerência que impede a livre organização sindical e também ataca a liberdade de expressão dos trabalhadores.

O Sindipetro colocou faixas em todas as unidades contras as medidas autoritárias e contra o mandante de tais medidas. “Contra as demissões e a perseguição aos diretores sindicais. Fora Holleben”.

Roberto Aguiar, assessor de Imprensa do Sindipetro AL/SE
Fonte: Sítio da CSP-Conlutas

terça-feira, 19 de julho de 2011

Nesta quinta, PSTU vai à TV e mostra indignação dos trabalhadores


Programa semestral do partido alerta sobre o alto endividamento dos trabalhadores e denuncia os baixos salários

Na próxima quinta-feira, 21 de julho, o PSTU vai à TV para conversar com as trabalhadoras e trabalhadores do país sobre as suas vidas. Como a sua situação?

De um lado, o governo incentiva o endividamento das famílias, com juros altíssimos para a população e irrisórios para os banqueiros, arrocha salário, sucateia a educação e a saúde. De outro, os trabalhadores começam a se indignar, fazem greves, exigem salário e respeito.

O Brasil cresceu, mas a vida não vai tão bem quanto se diz: inflação, longas jornadas de trabalho, salários baixos, dívidas. Já os bancos nunca lucraram tanto quanto nos dois governos Lula, continuado agora por Dilma.

É por isso que greves e protestos começam a explodir, mostrando a indignação. Vamos mostrar a luta dos trabalhadores, aqui e na Europa, indignados com o capitalismo.

Essa é uma das poucas oportunidades que o PSTU tem para falar às massas desse país e mostrar o seu programa. Assista e conheça um pouco mais o nosso partido. 

Logo após o programa, participe do twittaço #indignados.

Fonte: Sítio do PSTU

terça-feira, 12 de julho de 2011

ESTRUTECH E MOTA MACHADO: TRABALHADORES PARALISAM POR CESTA-BÁSICA


Os trabalhadores das empresas Estrutech e Mota Machado cruzaram os braços na sexta-feira (08/07), por conta do atraso no repasse da cesta-básica. Os trabalhadores que haviam recebido o cartão no qual será depositado o valor de R$ 35,00 para compra de alimentos, se depararam a falta do valor ao passarem nos supermercados.

O sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF) foi chamado a apoiar os trabalhadores e cobrar uma posição da empresa que se prontificou a resolver a situação no mesmo dia. A empresa informou que havia dado os cartões aos trabalhadores e por problemas de burocracia não havia depositado os valores correspondentes aos meses de maio e junho.

Para o diretor do STICCRMF, Laércio Clayton, “a falta de dialogo das empresas com os trabalhadores é um fator de desrespeito aos que produzem a riqueza, o sindicato conquistou a cesta-básica, e esse não é um direito dado, se há burocracia então que fosse depositado na conta dos trabalhadores”.

Veja o vídeo:



Fonte: Voz do Peão

Construção civil no Ceará: Três acidentes em 2 meses e dez mortes em 15 dias


Muitos acidentes estão acontecendo nos canteiros de obras em Fortaleza e não chegam ao conhecimento do sindicato ou da imprensa.

No dia 29 de abril, o Diário do Nordeste, publicou uma matéria que denuncia: “a estimativa é de que a subnotificação dos acidentes de trabalho nos serviços de saúde chegue a 95% no Brasil, ou seja, somente 5% dos casos são registrados como tal”.

O cronograma acelerado por conta das obras da Copa de 2014 e do aquecimento da economia tem mobilizado intensamente o mercado da construção civil. Segundo a Pesquisa de emprego e Desemprego do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) desde o mês de abril de 2011, a construção civil corresponde a 6,3% da mão de obra da região metropolitana de Fortaleza.

“A contratação em massa para seguir os cronogramas da Copa e de outras obras, se não forem seguidas as condições de segurança, podem levar podem levar a novos acidentes”, declara o Coordenador Geral do STICCRMF, Nestor Bezerra.


Acidente mata 8 operários

Na manhã do dia 23 de maio de 2011, um acidente CE-090 revelou a precariedade no transporte de funcionários na Construção Civil do Ceará. A colisão matou na hora 5 operários, um a caminho do hospital e resultou em mais duas mortes nos dias 26 e 31 maio. Ao todo foram 8 mortes e 4 operários feridos.

O veículo era conduzido por outro operário da obra, e levava funcionários da empresa Cameron e de uma terceirizada.

Em choque os companheiros de trabalho que atuam na construção do Condomínio Breezes no Cumbuco, tentaram ajudar em vão os companheiros feridos no local do acidente.

As condições de transporte dos operários da Construção Civil da Região Metropolitana chamam atenção, em matéria anterior publicada neste site, o STICCRMF alertou sobre as condições de transporte de operários para as obras do Beach Park das empresas SCOPA, Cameron, J Simões, Construtora Castelo Branco, Manhatan, dentre outras.

Segundo Nestor Bezerra, Coordenador do STICCRMF, “as condições dos ônibus e a superlotação, no qual estão sendo transportadas pessoas em pé, podem levar a outro acidente. Estamos solicitando às construtoras que estruturem a frota”.

Notas de uma tragédia

Poucos dias após o acidente, o filho do operário, Antônio Ferreira da Silva, morto no acidente, nasceu e a viúva não conseguiu ter condições de se deslocar até a sede do sindicato para realizar a homologação do esposo.

Acidente no Consórcio Galvão/Andrade Mendonça mata 2 operários

No dia 10 de junho, outro acidente, mata, mais 2 operários, desta vez, da construção do Centro de Feiras e Convenções, localizada na Avenida Washington Soares em Fortaleza.

Os operários do Consórcio Galvão/Andrade Mendonça trabalhavam em cima de uma Laje que desabou e morreram a caminho do hospital.

O Sindicato solicitou a paralisação da obra, mas segundo o diretor do STICCRMF, José Ribamar, “apesar de termos solicitado a suspensão da obra, em razão ao falecimento dos companheiros, quando chegamos no dia seguinte, encontramos a estrutura de almoço para os operários já preparada, aí entramos em contato com a empresa e voltamos a solicitar a paralisação dos trabalhos”. Mesmo assim, os operários do setor da Construção Pesada, trabalharam normalmente, por fazerem parte de outro sindicato.

Queda de laje na Imobiliaria Ary

No dia 14 de abril de 2011, um acidente na Imobiliária Ary com características parecidas aconteceu no Centro de Convenções levou ao Instituto José Frota, 5 operários e um sexto ao Gonzaguinha da Parangaba.

O Acidente também aconteceu devido a uma queda de laje, que cedeu e foi parar em cima de um trator.

Veja o nome dos Operários que faleceram vitimas de acidente de Trabalho:
Acidente na CE-090
Data de falecimento
Nome
Idade
Data de Nascimento
Empresa
Profissão
23/05
Paulo Otaviano Duarte
47
19/09/1963
Cameron
Pedreiro
23/05
Ângelo Negrão de Ramos Neto
36
09/06/1974
Cameron
Servente
23/05
Antonio Francimar Gomes
33
11/05/1978
Incom
Eletricista
23/05
Francisco Cristiano
22
11/03/1989
Cameron
Servente
23/05
Antonio Francisco Dias da Silva
37
26/08/1974
Cameron
Servente
23/05
Antonio Ferreira da Silva


Cameron

26/05
José Pereira da Silva
58
11/03/1953
Cameron
Servente
31/05
Edvaldo Pires da Silva


Cameron

Acidente no Centro de Convenções e Feiras
10/06
Antonio Marques da Costa
46

Consórcio
Servente
10/06
Francisco Antonio Felipe da Silva
26

Consórcio
Servente

SINDUSCON/CE não se pronuncia sobre os acidentes

Segundo o STICCRMF, o Sindicato patronal não se pronunciou sobre os acidentes que aconteceram no período de dois meses, além da precariedade de condições de trabalho do setor.

O STICCRMF pede que os trabalhadores comuniquem os acidentes para combater a subnotificação. O sindicato também quer uma posição do SINDUSCON/CE sobre o combate aos acidentes no setor.

Outra ação do sindicato foi solicitar que todas as homologações de vitimas fatais sejam realizadas na sede do sindicato e se dispõe a ajudar as famílias na obtenção das verbas rescisórias.

Fonte: Voz do Peão

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Um novo pacto contra os trabalhadores

O que está por trás do pacto firmado entre CUT, Força Sindical e Fiesp?
POR JOSÉ MARIA DE ALMEIDA E JOÃO RICARDO SOARES, DE SÃO PAULO (SP)*

Seminário que reuniu governo, CUT, Força e Fiesp
Enquanto os operários da Volkswagen do Paraná deflagravam uma das maiores greves da história da empresa, a CUT e a Força Sindical, junto com a toda poderosa Federação das Indústrias de São Paulo – Fiesp, realizavam um seminário com um título que em si mesmo é um programa: “Brasil do diálogo, da produção e do emprego. Acordo entre trabalhadores e empresários pelo futuro da produção e do emprego”. 

A conclusão mais importante do seminário é a defesa de um pacto social entre trabalhadores e empresários para romper as barreiras do subdesenvolvimento. E para tal empreitada o economista Bresser Pereira explica o objetivo do pacto: medidas que acarretariam na redução de 30% dos salários reais durante três anos, desta forma o país poderia crescer a uma média de 7,5% gerando mais emprego e aumentando a massa salarial. Segundo o autor da proposta: “vale a pena os trabalhadores fazer esta troca, pois os custos serão pequenos”.

Para estes senhores, o bombardeio dos produtos importados se constitui no principal problema do país, a causa da “desindustrialização” e da crise de perspectiva da indústria. Assim, o “pacto” para defender a indústria nacional seria a única forma de garantir empregos e manter o país na rota que o levaria a sair do subdesenvolvimento. 

O que nos entranha muito é um tema que não foi tocado no seminário: o lucro dos empresários. Este silêncio é de fato ensurdecedor. Nenhuma palavra foi dita sobre a remessa de lucros dos grandes monopólios. Silêncio absoluto! Sobre a desnacionalização da indústria, o fato de que a produção em solo brasileiro esteja controlada pelos monopólios internacionais e bancos norte-americanos, não foi ouvido nada. Não fica muito evidente de quem os autores do “novo pacto” querem nos defender, além dos produtos “importados”.

Nenhum pacto com os empresários e este governo pode oferecer aos trabalhadores qualquer melhoria em suas vidas. Vejamos: Quando os operários da Volks do Paraná realizaram uma greve histórica, e no momento em que os metalúrgicos de São Paulo e de Minas preparam as campanhas salariais, Sérgio Nobre e a Fiesp não defenderam as reivindicações dos operários. Mas estes propõem um pacto para reduzir salário. O governo Dilma corta 3 R$ bilhões de verbas da Educação (e os professores respondem com greves em vários estados) enquanto paga aos banqueiros R$ 364 bilhões da dívida pública (somente de janeiro a junho), de acordo com levantamento da Auditoria Cidadã da Dívida Pública. Mas não são apenas os banqueiros os grandes beneficiários das políticas econômicas do governo. Os mesmos empresários que “choram” pela “alta carga tributária do país”, receberam, só no ano passado, mais de R$ 140 bilhões do governo, na forma de isenções e incentivos fiscais. 

Os fatos acima demonstram duas questões fundamentais: que este governo é um aliado dos banqueiros e empresários. E eles estão preocupados em garantir seus lucros, rebaixar salários e destruir a educação e saúde públicas. O governo Dilma aplica uma política econômica que subordina o país aos interesses dos bancos e empresas multinacionais, os empresários brasileiros apóiam este modelo e estão querendo uma parcela maior deste bolo. Os trabalhadores devem lutar pelos seus próprios interesses, independente do governo e dos patrões e confiando somente em suas próprias forças.

Os autores do novo pacto querem somente que as multinacionais aumentem sua taxa de investimento no país. Assim, os empresários “brasileiros” podem ampliar o lugar subalterno que ocupam de fornecedores de insumos. O governo entra com sua “parte” abrindo mão dos impostos que deveriam ir para a Educação e a Saúde, e cabe aos trabalhadores abrir mão do salário, perdendo duas vezes.... com a continuidade do descalabro nos serviços públicos e com a diminuição do salário.

Neste artigo afirmamos que não há nenhuma forma de sair do “subdesenvolvimento” com um pacto junto com os empresários e este governo. Como veremos mais a frente, a tese fundamental da aliança entre CUT, Força Sindical e Fiesp não é sequer um programa nacionalista e limitado de “defesa da indústria nacional”.

Importação e desindustrialização 

Quem entra no site do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pode ler o seguinte artigo: “Os metalúrgicos do ABC e de São Paulo preparam uma manifestação conjunta pelo emprego, pela produção nacional e contra importados”. A CUT e a Força querem atrelar os trabalhadores à FIESP em defesa da “produção nacional”. Mas quando nos aproximamos do assunto vamos vendo que de “nacional” não existe nada na campanha da CUT e da FIESP. Para eles, a importação de produtos é o grande problema do país e a causa de todos os males. Mas não fazem a seguinte pergunta: Por que a importação tem crescido no mercado brasileiro de automóveis?

A resposta vem de um artigo que aparentemente não tem relação com o tema. A série de artigos de Joel Leite chamado o “Lucro Brasil” sobre a diferença de preços dos carros produzidos no Brasil e exportados e os preços dos mesmos carros no mercado interno. 

Por exemplo, o Gol I-Motion com airbags e ABS fabricado no Brasil é vendido no Chile por R$ 29 mil. Aqui custa R$ 46 mil. Mas não é somente a Volks que pratica esta diferença. A Toyota vende o Corolla no Brasil por US$ 37.636,00, na Argentina US$ 21.658,00 e nos EUA por US$ 15.450,00. A justificativa são os impostos e o preço da mão-de-obra. Mas ninguém em sua sã consciência pode acreditar que a diferença de mais de vinte dois mil dólares entre os preços do Corolla no Brasil e nos EUA será de impostos, já que a mão-de-obra no Brasil é mais barata. Da mesma forma, ninguém pode acreditar que a diferença do Gol vendido no Brasil e no Chile, de vinte quatro mil reais, se deve a imposto.

Não é por acaso que as empresas multinacionais no Brasil, em particular as montadoras, enviaram mais de 14 bilhões de dólares (entre 2000 e 2009) para suas matrizes. A remessa de lucros e dividendos das multinacionais cresceu nos oito anos de governo Lula em 139%. E quem paga esta conta são os consumidores brasileiros que pagam o carro mais caro do mundo.

Ora, todo mundo quer entrar neste “paraíso” de lucros. Estas empresas pegam dinheiro do governo via o BNDES com juros abaixo do mercado, tem isenção de impostos, e ainda vendem o carro acima do preço internacional. E remetem o lucro para suas matrizes. 

Por isso cresceu a importação. Todas as empresas do mundo querem participar dessa festa, pois ainda vendendo a um preço menor, tem uma margem de lucro altíssima na medida em que os mercados europeus e norte-americanos estão saturados em uma crise de superprodução. O que está aumentando a importação é a concorrência entre as empresas e a crise da economia mundial, pois os lucros obtidos no Brasil estão acima da média mundial.

O que Sergio Nobre propõe aos trabalhadores brasileiros é o seguinte: aliar-se às empresas multinacionais como a Volkswagen, Fiat, etc, para defender os seus lucros astronômicos. 

Bom, mas o que diz Nobre é que os trabalhadores têm algo a ganhar: os seus empregos. Será mesmo?

Pacto das câmaras setoriais diminuiu o emprego na indústria automobilística 

Não precisamos de uma análise muito acurada para saber que este argumento não é lá muito nobre. Se a Volks vendesse o Gol I-Motion a 29 mil reais no Brasil (o mesmo preço que vende no Chile e com lucro) ao invés dos 46 mil reais que cobra, poderia ocorrer o seguinte: aumentaria a demanda, a fábrica seria obrigada a fazer mais investimentos e contratar muito mais trabalhadores. E por que não faz isso? É simples, por que prefere aumentar seus lucros aumentando os preços e não aumentando a produção. 

Se a Volks baixasse os preços, a importação de automóveis iria diminuir e geraria muito mais empregos. Mas a proposta de Nobre e da Volks-FIESP é outra. Em sua exposição no citado seminário, a proposta para gerar empregos é: redução dos impostos IPI e ICMS; aumentar o financiamento de veículos e maior financiamento público. O mesmo que foi feito na câmara setorial em 1993 que segundo o citado salvou os empregos.

Pois bem, em 1993 a produção total de veículos no Brasil estava concentrada em algumas montadoras (Volks,GM, Ford, Fiat, etc. ). Neste ano tínhamos 106 mil trabalhadores na indústria automobilística no Brasil que produziram 1.017.550 automóveis de passeio. Cada trabalhador produziu 12,4 autos no ano. E o faturamento líquido do setor chegou a 31.376.000.000.
Em 1998, cinco anos depois da câmara setorial, a indústria precisou somente de 83 mil trabalhadores, mas a produção de carros por trabalhador cresceu para 18,1 carros ano. E o faturamento das empresas chegou a 42.892.000.000. Diminuiu o emprego e aumentou o lucro. 

Se ampliarmos a comparação, vamos ver que, de 1980 a 2008, mesmo com a introdução de novas empresas, o emprego total no setor baixou em 18%. Mas o número total de veículos produzidos subiu em 186%. A produção carro por trabalhador cresceu 251% (de 7,8 para 27,4 carros ano por trabalhador). E com isso o faturamento líquido saltou em 63%. 

O resultado do pacto chamado de “Câmara setorial” foi o seguinte: o Estado arrecadou menos impostos, o salário médio na indústria automobilística e o emprego diminuíram. Mas os lucros das empresas multinacionais cresceram muito.

Aumentando as barreiras do subdesenvolvimento

O pacto que a CUT, a Força e a Fiesp querem patrocinar, que inclui realizar mobilizações contra os importados, tem um objetivo muito “nobre”: romper as barreiras do subdesenvolvimento. Segundo estes senhores o país está se desindustrializando pelas importações. Mas já vimos acima que o aumento das importações se deve à concorrência entre as grandes multinacionais do setor que querem abocanhar os lucros das empresas instaladas aqui. 

Então como podemos romper a barreira do subdesenvolvimento?

Para estes senhores se trata de defender a indústria nacional. Mas de que indústria nacional estão falando? Os principais ramos da indústria no Brasil são controlados pelas multinacionais: automobilístico, alimentos, bebidas, eletrônico, farmacêutica, Telecomunicações, Petroquímica e comércio varejista. O crescimento dos lucros destas empresas não significa mais investimentos no país, pois as principais decisões sobre o destino da produção são tomadas fora, pelas casas matrizes. Os barões da Fiesp entram como sócios menores destas empresas ou fornecedores de insumos para a produção e querem que o Estado siga financiando tudo.

Ocorre que nos últimos 10 anos há um salto importante na produção e exportação de bens primários. Que inclui um aumento da produção e exportação agrícola e das matérias-primas industriais, como minério de ferro, alumínio, petróleo etc. Pela primeira vez desde 1978 o Brasil exporta mais commodities do que manufaturados. Assim, parte importante do capital estrangeiro que entra no país se desloca para este ramo de produção que mantém um preço crescente no mercado internacional. Mas tampouco estamos falando de empresas “brasileiras”. Nada menos de 64% das grandes empresas de exportação agrícola instaladas no país são multinacionais. 
Assim, o crescimento das exportações e o superávit da balança comercial que o país vem acumulando a partir de 2001 se devem à exportação de bens primários, em particular para China. E ao mesmo tempo vem acumulando um déficit comercial em setores chaves como máquinas e equipamentos, Tecnologia da informação, Química. 

Qual então a política que propõe a Fiesp, a CUT e a Força e setores do governo? Manter o lugar que o país vem ocupando como fornecedor de matérias-primas para o mercado mundial e de manufaturados para o mercado interno e America Latina pelas multinacionais instaladas aqui. Mas querem então que o imperialismo passe a investir em outros ramos da indústria. A política de desenvolvimento tecnológico apresentada por Mercadante no dito seminário é buscar que empresas como General Eletric, IBM instalem centros de pesquisa no país, e que a “chinesa” Foxcom instale uma fábrica de produção de display.

Enfim, para que rompamos com as barreiras do subdesenvolvimento, estes senhores propõe que sejamos mais subordinados e dependentes do imperialismo. Por isso, para atrair estas empresas, Bresser propõe uma redução de 30% no salário real. 

Chegamos então ao cúmulo ou cume do cinismo. A CUT propõe iniciar uma jornada de luta para que os trabalhadores sejam massa de manobra dos barões da Fiesp, que tem por objetivo serem sócios menores de novos investimentos e ainda por cima rebaixar os salários! Depois disso não se pode se espantar com mais nada! 

Não estamos sequer diante de um programa nacionalista, mesmo que rebaixado. Não há outra forma de romper a barreira do subdesenvolvimento sem nacionalizar a grande indústria e colocá-la a serviço do verdadeiro interesse nacional: as necessidades dos trabalhadores. 

A política econômica do governo implica em manter e aprofundar a exportação de bens primários. Esta política responde não somente aos interesses das empresas que produzem e exportam estes bens. Ao gerar um saldo na balança comercial e um acúmulo de reservas internacionais (de mais de 300 bilhões de dólares) ela é a chave para que os capitais especulativos investidos na dívida pública brasileira tenham um lastro de saída quando venham aqui desfrutar de nossa taxa de juros.

Com a maior taxa de juros do mundo os dólares que entram aqui para comprar títulos e investir em bolsa têm uma garantia de saída: uma reserva em dólares para converter os reais transformando-os novamente em dólares.

Mas a verdadeira chave da política econômica do governo é o arrocho nos salários. Pois dentro da divisão do bolo entre a indústria e os bancos, entre exportadores e não exportadores está o fato de que se o salário sobe de acordo com a produtividade e a inflação, ele entrará nesta divisão aumentando os choques entre as distintas frações da burguesia.

Para romper com o subdesenvolvimento a primeira ação que devemos defender é o aumento dos salários e o não pagamento da dívida pública, que retira as verbas da Saúde e Educação. O descalabro nos serviços públicos obriga os trabalhadores a gastar mais e diminuir os nossos salários pagando por serviços que o Estado deveria garantir. Tudo o oposto do pacto que defende a CUT e a Força.

O Brasil é hoje o segundo maior produtor de alimentos do mundo. Mas pagamos muito caro por eles, e a razão disso é que nossa produção está voltada para a exportação. Sobre isso nem CUT nem Fiesp falam nada. Pois se aumentarmos os salários, garantirmos serviços públicos de qualidade e alimentos a preços baratos, vamos melhorar nossas vidas. Afinal, o objetivo de sair do subdesenvolvimento é melhorar a vida da maioria da população. Mas assim como a Volks não quer baixar os preços dos automóveis vendidos no Brasil, nenhum setor burguês, nem da indústria, nem dos bancos, nem os que investem na agricultura querem diminuir seus lucros. Cabe aos trabalhadores esta luta. 

Ao iniciar as campanhas salariais do segundo semestre, os trabalhadores metalúrgicos, que já amargam um ritmo de trabalho infernal e as doenças oriundas deste fato, e convivem com salários bem abaixo da produtividade que dão a estas empresas, não podem cair no conto do Pacto social. 

O que devemos fazer é questionar a política econômica do governo Dilma que mantém o arrocho salarial e nos subordina aos interesses econômicos das grandes empresas nacionais e estrangeiras. A aliança que necessitamos não é com a Fiesp, é a unidade dos metalúrgicos com os professores e com o funcionalismo público, a unidade dos que sofrem os efeitos desta política.

*Zé Maria é presidente do PSTU e dirigente da CSP-Conlutas, e João Ricardo é membro do Ilaese
Fonte: Sítio do PSTU

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Imprensa burguesa versus imprensa operária

Por trás do discurso da imparcialidade, a chamada grande imprensa esconde o seu real caráter de classe

Militante vende jornal Opinião
Socialista em manifestação
"Deveria recorda-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês é um instrumento de luta movido por idéias e interesses (...). Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma ideia: servir a classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora.
É preciso dizer e repetir que a moeda atirada distraidamente para a mão do ardina é um projétil oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a massa operária." (Antônio Gramisci, O jornal e os Operários)

Jornal Nacional, 2 de junho. Logo no início, a notícia da greve dos trens da região metropolitana de São Paulo. Na reportagem, o drama de milhares de pessoas que ficaram a pé, sem ter como ir ao trabalho, ou obrigadas a enfrentar metrôs ou ônibus lotados. A matéria termina com um suspiro e o olhar reprovador de Fátima Bernardes. 

Em seguida, cenas da repressão policial (ou “confronto”) a um protesto de estudantes contra o aumento da passagem de ônibus em Vitória (ES). Fechando o bloco, o telejornal mostra sua visão sobre a greve dos professores estaduais da Bahia. “Setenta mil estudantes das universidades estaduais estão há dois meses sem aula”, afirma com grave tom de voz a âncora global.

Por trás de reportagens supostamente isentas, surge uma mensagem bem clara, ainda que não dita de forma explícita por Fátima Bernardes ou William Bonner: greves só trazem prejuízos ao povo, e mobilização é sinônimo de transtorno público. 

O Jornal Nacional é tradicional porta-voz dos interesses do poder, a ponto de o então ditador Médici ter declarado: “cada vez que ligo a televisão no Jornal Nacional, sinto-me feliz, porque no jornal da Globo o mundo está caótico, mas o Brasil está em paz. É como um tranquilizante após um dia de trabalho”. 

O telejornal da Globo é um símbolo, mas o exemplo pode ser generalizado para toda a chamada “grande imprensa”. Todo ativista sabe que não existe imprensa livre ou imparcial. Ela sempre tem um lado. E a imprensa lida ou assistida pela maior parte da população, contraditoriamente, não atende aos interesses dessa maioria.

A mídia burguesa e o seu papel

A imprensa é um genuíno produto do capitalismo moderno. Surgiu e se expandiu com a própria burguesia, principalmente após a Revolução Industrial. Mas foi apenas no século 19 que o jornalismo adquiriu sua forma atual, com jornais de tiragem massiva, tornando-se não só um propagador de ideias, mas também um negócio rentável.
Um dos pioneiros da imprensa nos EUA, o empresário William Hearst, inspirador do filme “Cidadão Kane”, tinha um lema: “Ninguém perde dinheiro ao subestimar a inteligência do público”. Expressa dessa forma o início da era dos tabloides sensacionalistas, verdadeiros instrumentos de alienação travestidos de informação.

Numa era em que os regimes despóticos das monarquias foram substituídos pela democracia liberal, tornou-se necessário criar eficazes ferramentas de propaganda ideológica. Foi preciso estender para toda a sociedade o domínio das mentes exercido antes pela velha Igreja Católica entre as comunidades de camponeses. Os meios de comunicação deram a resposta a isso.

Porém, a mídia só iria se tornar um dos principais sustentáculos ideológicos da burguesia no decorrer do século 20, com o avanço dos meios de comunicação de massa. O cinema, o rádio e a televisão foram, nas sociedades industriais, fundamentais para o estabelecimento de um “consenso”, que na verdade expressava a hegemonia da burguesia.

Assim como todos os setores da economia na fase imperialista do capitalismo, as empresas de comunicação também sofreram um violento processo de concentração. Hoje, existem grandes oligopólios com tentáculos em todas as vertentes de mídia. O dono da rede Fox, Rupert Murdoch, um dos homens mais ricos do mundo, é o Hearst moderno. Monopólios tomados agora também pelo capital financeiro, num entrelaçamento de interesses e poder em que já não se pode determinar quando começa um e termina outro.

Atualmente, apenas 20 grandes transnacionais de mídia controlam quase toda a informação produzida no planeta, segundo o professor da UFF (Universidade Federal Fluminense) e estudioso da mídia Denis Moraes.

Monopólio e coronelismo midiático no Brasil

No Brasil, grandes monopólios de mídia dominados por poucas famílias convivem com feudos regionais, verdadeiros coronéis da mídia que se utilizam da imprensa para se perpetuarem no poder. Contam, para isso, com uma das legislações mais permissivas do mundo, que não coloca qualquer barreira à concentração no setor e à propriedade cruzada de veículos de comunicação. Assim, uma mesma família que controla um grande jornal, também pode ter emissoras de rádio e TV e um portal na internet.

Quando a legislação impõe certos limites, por outro lado, é devidamente ignorada. Como na propriedade de emissoras de rádio e televisão por parlamentares. Apesar de proibido, 21% dos senadores e 10% dos deputados federais detêm concessões de rádio ou TV, segundo levantamento do Transparência Brasil. Isso sem falar em políticos que passam o nome dessas concessões para parentes ou laranjas. 

O mito da imparcialidade

No capitalismo, a mídia sob controle dos grandes conglomerados passa a visão de mundo da burguesia. Defende os interesses da classe dominante como os interesses de toda a sociedade. Foi assim, por exemplo, durante as privatizações ao longo da década de 90 no Brasil. A imprensa construiu um grande consenso em torno da necessidade da venda das estatais à iniciativa privada. Tornou-se ideia majoritária que o Estado era incompetente e perdulário e deveria ser “enxugado”.

Campanha parecida pode ser observada hoje sobre a reforma da Previdência Social ou a “necessidade” de uma reforma trabalhista que torne o país mais “competitivo”. A imprensa de forma geral não explica como funciona ou é financiada a Previdência pública, apenas se preocupa em alardear seu suposto déficit. A lógica se lê nas entrelinhas: é preciso uma reforma.

Não teria efeito algum, porém, se a imprensa burguesa assumisse de forma explícita a defesa desses interesses. Ao contrário, poderia causar uma reação inversa. É preciso esconder. Para isso foi elaborada uma grande ideologia própria à imprensa: o mito da imparcialidade e da objetividade jornalística. Um conjunto de técnicas desenvolvido para transformar um texto, ou um discurso, em “verdade”. Segundo essa lógica, o jornalista seria um observador neutro com o objetivo apenas de divulgar os fatos tal como os percebe.

A estrutura do texto jornalístico que podemos ler, por exemplo, na Folha de S. Paulo ou em qualquer outro grande jornal, é copiada de um padrão consolidado nos EUA. São matérias impessoais, frias, com a objetividade de um documento de cartório. É o pacote que embala a ideologia burguesa. Não é à toa que o professor Perseu Abramo, editor da Folha no final dos anos 1970, afirmava que um jornal possuía a estrutura de um partido político, com suas teses e manifestos, mas de forma camuflada.

Os trabalhadores e a imprensa

Desde que começaram a se organizar de maneira independente, os trabalhadores viram a importância de terem seus próprios meios de comunicação. Isso significa que a imprensa operária “surgiu com o próprio movimento operário”, na definição de Maria Nazareth Ferreira, pesquisadora do tema. 

Ela vai ter, assim, um desenvolvimento específico de acordo com o processo de formação do movimento dos trabalhadores em cada país. No Brasil, os primeiros jornais surgiram já no século 19, com as primeiras fábricas no irregular processo de industrialização do período. É uma imprensa que cresce com o movimento sindical, sob forte influência imigrante, sobretudo italiana, e de orientação anarcossindicalista.

Esse tipo de jornal chegou a ter certa força e influência. Segundo Vitor Giannoti, em 1919, período de grandes greves que agitaram várias capitais, foram criados dois jornais operários diários, “A Plebe”, em São Paulo, e “A Hora Social”, no Recife.
A partir da década de 1920, com a fundação do PCB e seu crescimento no movimento operário, o anarquismo deu lugar à imprensa comunista. Nos anos 1940, de 1946 a 1947, as principais capitais contavam com jornais diários do “partidão”, com o carioca “Tribuna Popular” tendo uma tiragem de 20 mil jornais, comparável ou superior a certos jornais burgueses.

Já no período da ditadura militar instaurada em 1964, a chamada “imprensa alternativa” cumpriu um importante papel num momento em que os jornais dos partidos de esquerda eram clandestinos ou simplesmente não encontravam possibilidades de existir. Jornais como “Movimento”, “Versus” e “Coojornal” funcionavam como verdadeiras “frentes jornalísticas”, abrigando em suas redações jornalistas de distintas tendências políticas. Atuavam, sobretudo, na classe média e no meio estudantil.

No final dos anos 1970, com o início da queda da ditadura e o ascenso operário no ABC, a imprensa alternativa foi substituída por uma série de jornais das organizações que saíam da clandestinidade. Foi o caso da recém-fundada Convergência Socialista. Junto a isso, a imprensa sindical também ganhava novo impulso, com as oposições expulsando os pelegos das entidades.

Uma imprensa de esquerda

Pode-se dizer que a imprensa operária tem as suas próprias características, distintas da imprensa burguesa. Primeiro, se define de forma clara como uma imprensa que tem um lado. Não há disfarces nem ilusão de imparcialidade. Seus jornalistas são produzidos pelo próprio movimento operário. Assim, antes de jornalistas, são ativistas comprometidos com a classe trabalhadora.

O Opinião Socialista, apesar de seus breves 15 anos, se inscreve nessa longa tradição de imprensa operária. Uma tradição, infelizmente, abandonada pela quase totalidade das organizações que um dia reivindicaram a estratégia da revolução socialista, mas que com o passar dos anos se acomodaram com a perspectiva meramente eleitoral.

Diego Cruz
Fonte: Sítio do PSTU

Petroleiros da Revap, em São José dos Campos, votam estado de greve amanhã

Os cerca de 880 trabalhadores primeirizados da Refinaria Henrique Lage (REVAP), em São José dos Campos, vão votar amanhã, 7, estado de greve na categoria por PLR e número mínimo de trabalhadores suficiente para garantir a segurança das operações. Os trabalhadores da unidade já estão realizando atrasos de turno desde 22 de março para cobrar da empresa o ajuste do número mínimo seguro de trabalhadores em operação na refinaria.

A precarização do trabalho e a política de redução de quadros imposta desde o governo FHC aumentou a insegurança na Petrobras, em particular na REVAP e, entre outros motivos, causou a morte de dois trabalhadores terceirizados este ano na refinaria de São José dos Campos e alguns vazamentos de poluentes na atmosfera.

Os trabalhadores irão votar estado de greve por aumento do número de trabalhadores para suprir toda a demanda de trabalho que já existia e mais as novas 14 áreas construídas com o projeto de modernização/ampliação.

As mobilizações agora são fortalecidas também pela luta da PLR 2010. Os trabalhadores reivindicam 25% equivalente ao montante repassado aos acionistas, como permite a lei. A proposta atual da empresa não chega nem ao montante equivalente a 13%.

O estado de greve será votado em assembleia conjunta do turno da manhã com os trabalhadores do horário administrativo, às 7h30, na portaria da refinaria no Jardim Diamante, em São José dos Campos.

Emerson José, assessor de imprensa do Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos
Fonte: Sítio da CSP-Conlutas