terça-feira, 23 de agosto de 2011

Jornada de Lutas: Vamos a Marcha a Brasília nesta quarta-feira (24)


Manifestações estão ocorrendo em diversas cidades e agora é hora de unificá-las e mostrar a força desses trabalhadores na Marcha a Brasília nesta quarta-feira (24). São esperadas cerca de 20 mil pessoas organizadas em caravanas com delegações de várias localidades do país.

Cada categoria levará sua própria reivindicação, mas com bandeiras unificadas, contra a política econômica do governo, por aumento geral de salário, em defesa da educação e da saúde públicas, pelo fim do Fator Previdenciário e pela redução da jornada de trabalho.

A concentração do ato será no Estádio Mané Garrincha próximo da Via N Um Oeste. A manifestação se unificará aos companheiros do MST, que realizam em Brasília a Jornada de Lutas pela Reforma Agrária.

A Marcha terá início às 9h e seguirá até a Praça dos Três Poderes, passando pelo centro da cidade e pela rodoviária. Os manifestantes darão uma volta em torno do Congresso Nacional e um ato no gramado em frente ao Congresso. O horário de encerramento da manifestação está previsto para as 13 horas.

Uma ala em defesa da Educação, identificada com camisetas, cartazes, faixas e adesivos, será um dos destaques na marcha.

Outras atividades estão sendo programadas nesse grande dia de lutas. Servidores públicos, integrantes do movimento popular e estudantes, realizarão plenárias, reuniões com os órgãos públicos e manifestações e prometem sacudir Brasília.

Após o ato haverá uma plenária nacional, na tenda armada pela Condsef, na Esplanada dos Ministérios, onde será realizada a plenária pelos “10% do PIB para a educação pública já!”.

É importante que todos levem bonés, protetor solar e se hidratem durante a passeata, dadas as condições do clima de Brasília.

Jornada de lutas pelo país – Milhares de trabalhadores, estudantes e integrantes do movimento popular realizam manifestações Brasil afora.

Trabalhadores da construção civil de Fortaleza (CE) e operárias da confecção feminina paralisaram suas atividades. Além disso, como parte da jornada, a campanha “Chega de Mortes nas Obras” foi lançada no estado com a participação de cerca de 4 mil pessoas.

Em Belém (PA), operários pararam suas atividades e realizaram passeatas que reuniram mais de 2 mil trabalhadores.

Em Belo Horizonte (MG) houve o lançamento da Campanha “O Minério Tem Que Ser Nosso” e da Campanha Salarial dos Metalúrgicos no Estado. Além disso, uma manifestação unitária com os professores, movimento popular e estudantil reuniu mais de 2 mil no centro da cidade. Também em Juiz de Fora houve manifestação.

Em São Paulo, um ato nas escadarias do Teatro Municipal, aqueceu os preparativos para a Jornada de Lutas. Já em São José dos Campos e região, grande SP, cerca de 4 mil metalúrgicos paralisaram suas atividades por duas horas, desses, 3 mil realizaram uma marcha pelas ruas da cidade.

No Rio de Janeiro um bolo foi cortado e distribuído para a população no protesto que reuniu cerca de 200 pessoas.

Na Bahia, houve o lançamento da Campanha pelos 10% do PIB para a Educação. No interior do estado, servidores paralisaram suas atividades nesta jornada.

No Rio Grande do Sul, o movimento em defesa da Educação foi lançado.

Agora é a hora de unir trabalhadores, estudantes, integrantes do movimento popular, nessa grande marcha a Brasília. Vamos exigir nossa parte no bolo. “Se o Brasil Cresceu, Trabalhador Quer o Seu”.

Nossas bandeiras



Fonte: CSP-Conlutas

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

3° Dia da Jornada de lutas: no Ceará é lançada campanha “Chega de Mortes nas obras”


O STICCRMF (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Fortaleza) filiado à CSP-Conlutas/CE, lançou, nesta sexta-feira (19), a campanha “Chega de Mortes nas obras”. A ação reuniu mais de 4 mil trabalhadores que realizaram uma passeata pela ruas da cidade. Além disso, esses operários paralisaram praticamente todas as obras da capital, somando cerca de 20 mil trabalhadores parados. Essa luta especifica da categoria fez parte da Jornada Nacional de Lutas no Estado.

Dez outdoors, denunciando a morte de 16 operários em acidentes de trabalho ocorridos de janeiro a julho de 2011, estão espalhados em diversos locais da cidade. O Sindicato, juntamente com a CSP-Conlutas também convocou, através desses outdoors, os trabalhadores a se incorporarem nas atividades da Jornada de Lutas.

Foi feita uma passeata e, ao final, houve ato em frente ao MPT (Ministério Público do Trabalho). Durante a manifestação uma comissão do Sindicato e da CSP-Conlutas foi recebida pelo procurador chefe do Ministério Publico que se comprometeu em agendar o mais rápido possível uma reunião para tratar do assunto. Ele afirmou ainda que “o MPT sempre estará atento a este tema que envolve a vida do trabalhador”.

Após a reunião, foi realizada uma assembléia com os trabalhadores. “A proposta do sindicato que foi aprovada, é que daqui para frente morreu pião, pião parou, ou seja, se morrer um trabalhador os canteiros irão parar”, informou o dirigente do Sindicato e membro da CSP-Conlutas/CE, Zé Batista.

Professores também fazem manifestação – Também como parte das atividades da Jornada de Lutas houve uma grande manifestação dos professores. Esses profissionais fecharam a Avenida que dá acesso ao Palácio do Governador. A greve dos Professores já dura 16 dias.




Fonte: Sítio da CSP-Conlutas
Fotos: Voz do Peão

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Todo a apoio à greve dos operários das obras do Maracanã

Arrancar agora todas as reivindicações, nem um passo atrás!

Funcionários fazem protesto no Maracanã
(Foto: Alexandre Loureiro)
Saibam que a luta de vocês é motivo de orgulho para todos os operários da construção civil de nosso país e que todos nós acreditamos que a força dessa mobilização, a resistência e a persistência de vocês será capaz de arrancar melhores condições de salário, de saúde e de segurança.

Assim como vocês, que ontem viram um de nossos companheiros ser vítima de um grave acidente de trabalho, nós estamos indignados com a forma como as empreiteiras vem tratando os trabalhadores nas milhares de obras espalhadas pelo nosso país. Para essas construtoras, o que interessa é acelerar a entrega das obras para garantir seus lucros e atender as pressões dos governantes. Se, para conseguir isso, pelo descaso, centenas de operários perderem a vida, eles não estão nem aí. Eles querem seus lucros.

Queremos transmitir nosso irrestrito apoio à greve que vocês agora realizam, pois entendemos que somente assim é que nós conseguiremos arrancar todas as reivindicações, derrotar a ganância das empreiteiras e, nesse caso, a inércia e conivência do governo federal e estadual. 

O governo fala de crescimento econômico, que o país melhorou, que somos a 8ª economia do mundo, que teremos Copa do Mundo, Olimpíadas, que estamos preparados para enfrentar crises, enfim, que o país cresceu e a vida melhorou. Mas está está cada vez evidente, porém, que esse crescimento está sendo garantido às custas de uma brutal exploração, de baixos salários e até da própria vida de quem trabalha. Dessa forma, não podemos mais permitir que esta situação continue.

A greve dos operários da obra do Maracanã é, para nós da CSP-Conlutas, mais uma atitude heroica de resistência dos trabalhadores da construção como foram as greves que ocorreram em Jirau-RO e se espalharam por todo país, levantando cerca de 100 mil companheiros no primeiro semestre. Trata-se de uma luta contra as empreiteiras e o governo e, às vezes, até contra alguns sindicatos que, lamentavelmente, em vez de garantir o apoio à greve prefere ficar ao lado dos patrões.

Colocamos nossa central e toda nossa militância à disposição dos companheiros da obras do Maracanã para que assim, juntos, possamos derrotar os que nos exploram e arrancar as nossas conquistas.

Toda nossa solidariedade ao companheiro acidentado e a sua família;

Nenhum passo à traz, até a vitória.

“Se o Brasil cresceu, trabalhador que o que é seu!”

ATNÁGORAS LOPES, DA EXECUTIVA NACIONAL DA CSP-CONLUTAS
Fonte: Sítio do PSTU 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Há 27 anos, greve na Embraer entrou para história

É a famosa greve de 1984, quando trabalhadores ocuparam a fábrica e Exército invadiu empresa

Há 27 anos, uma greve marcou a história dos metalúrgicos de São José dos Campos e região. É a famosa greve de 1984 na Embraer, quando os trabalhadores ocuparam a fábrica por três dias e o Exército invadiu a empresa.

Em agosto daquele ano, em meio à ditadura militar e um cenário de lutas no país contra as perdas com a inflação, por mudanças na política econômica do governo e por democracia, os metalúrgicos foram à luta por equiparação salarial.

Começou no dia 9 de agosto. Os trabalhadores permaneceram dentro da fábrica por três dias, para pressionar a empresa a negociar.

Mas então veio a repressão. A estatal, sob o comando militar, determinou a intervenção da polícia da Aeronáutica, que invadiu a empresa para reprimir o movimento.

A Embraer ficou sitiada pelos militares, como relatou a imprensa à época. A ordem para que a Aeronáutica reprimisse a greve veio do próprio ministro, conforme atestou o então presidente da Embraer Ozires Silva.

Os trabalhadores foram escoltados para fora da empresa, por um "corredor polonês", sob a ameaça de fuzis, numa demonstração do autoritarismo e repressão.

Mesmo após o fim da ocupação, a Embraer afastou e depois demitiu por justa causa 134 trabalhadores e fez intensa perseguição a diretores do Sindicato: João Pedro Pires e Francisco Assis de Souza.

Na cidade, era grande a revolta pela arbitrariedade de empresa e do regime militar. Vários atos de protesto às demissões foram feitos nas fábricas, cidade e até em Brasília.

Como represália ao movimento, a Embraer ainda cancelou a eleição da Comissão de Fábrica.

Em 1989, após a promulgação da Constituição de 1998, que garantiu o direito de greve, o Sindicato entrou com um processo na Justiça em defesa destes trabalhadores, que foi vitorioso quase dez anos depois. A empresa teve de pagar todos os direitos trabalhistas devidos desde a demissão ilegal.

Luta pela anistia

A empresa e o Exército fizeram toda uma pressão e intimidação sobre os trabalhadores. O DOPS colheu depoimentos dos grevistas em interrogatórios que demoraram até cinco horas, como relatam companheiros.

"Queriam saber de tudo, por qual motivo fizemos a greve, de que organização política éramos. Foi feita uma verdadeira inquisição com cada trabalhador", lembra Getúlio Guedes, um dos demitidos de 1984, em entrevista para um vídeo produzido pelo departamento do Sindicato sobre as greves da Embraer na década de 80.

As demissões buscaram atingir as lideranças da greve, ativistas ou qualquer pessoa que a Embraer e o regime pudessem considerar "subversivos".

Carlos Alberto Cavalcante, demitido da greve de 84, lembra a perseguição a que foram submetidos. "O coronel Ozires chegou a falar na minha cara: "vocês vão servir de exemplo para todo o Vale do Paraíba e não vão trabalhar nunca mais nem em São José dos Campos, nem em outro lugar do país", conta Cavalcante.

Foi uma clara perseguição política a estes trabalhadores e, por isso, em 2008, depois de muitos anos de luta, o governo brasileiro concedeu anistia política aos demitidos de 1984 da Embraer.

"A concessão da anistia é uma reparação histórica a estes companheiros, que perderam seus empregos e foram perseguidos pela ditadura militar. Mas é preciso mais e por isso, os trabalhadores e o Sindicato lutam hoje pela reparação econômica, assim como foi concedida aos demitidos da greve de 1985 da GM", disse o vice-presidente do SIndicato, Herbert Claros.

VEJA VÍDEO QUE DESTACA A LUTA DOS TRABALHADORES DA EMBRAER E AS GREVES NA DÉCADA DE 80.




Fonte: SINDMETALSJC

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Vídeo de lançamento da Campanha Salarial 2011 dos metalúrgicos de São José dos Campos e Região



Foi dada a largada da Campanha Salarial 2011. Os metalúrgicos querem aumento real de salário, delegados sindicais nas fábricas, redução da jornada de trabalho sem redução de salário e ampliação das cláusulas sociais. A Campanha é unificada com os metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas, Limeira e Santos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Morte de operários em Salvador foi provocada pela negligência das construtoras

Nove operários morreram em trágico acidente no último dia 9, devido à negligência de construtora e as más condições de segurança no trabalho

Cena da tragédia

A cidade de Salvador amanheceu em luto nesse dia 9 de agosto, terça-feira. Por volta das 7h30, mais um acidente fatal envolvendo nove operários da construção civil provocou a revolta e a indignação de seus familiares, amigos e colegas de trabalho. O acidente, o mais grave na história da construção civil na Bahia, ocorreu quando estava sendo iniciado mais um dia de obras de um prédio empresarial na região do Iguatemi, uma das mais movimentadas da cidade.

Crônica de uma morte anunciada

A morte dos operários foi causada pela queda de um elevador, chamado de “balança” pelos trabalhadores, que despencou do 20º andar (cerca de 80 metros). Segundo auditores do Ministério do Trabalho, uma peça que sustentava a roldana dos cabos do elevador foi rompida e o freio automático de segurança não funcionou, causando o acidente fatal. Os auditores apontam ainda que a causa das falhas possa ter sido a falta de manutenção periódica no elevador. A obra foi suspensa por tempo indeterminada, até que as condições de segurança sejam garantidas aos operários da obra.

A empreiteira, que ironicamente se chama Construtora Segura, declarou que o elevador estava em conformidade com as normas técnicas de segurança do trabalho. Mas a realidade revelada pelos trabalhadores da obra é outra. Segundo informações dos operários, eles próprios já haviam se queixado sobre os problemas de segurança do elevador. Em entrevista fornecida ao G1 Bahia, um dos operários comentou sobre o momento do acidente: “Eu já estava lá em cima, junto com mais de dez pessoas. Vi os cabos desenrolando, o pessoal falava que ele tinha defeito” . Apesar das inúmeras queixas dos trabalhadores, o equipamento vinha sendo utilizado regularmente, também em obras anteriores, sem que nenhuma medida fosse tomada.

Epidemia de lesões e acidentes fatais corre o país

Ainda em maio, dois operários da construção civil morreram e um ficou ferido após a queda de vigas metálicas sobre eles, também aqui em Salvador. Em abril, um alpinista industrial morreu imediatamente em queda provocada pelo rompimento do cinto e dos cabos de segurança, enquanto trabalhava no alto de uma das torres de granulação de uréia da FAFEN (empresa de fertilizantes da Petrobrás), no Pólo Petroquímico de Camaçari. Segundo site do SINTRACOM (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira no Estado da Bahia), somente Salvador já soma 53 acidentes com 13 mortes este ano, apenas no setor da construção civil.

No país, até julho deste ano, de um total de 923 acidentes analisados pelo Sistema Federal de Inspeção no Trabalho, cerca de 30% ocorreram somente no setor da construção. Outro dado alarmante refere-se ao levantamento realizado pelo jornal O Globo, que contabilizou desde 2008 até março deste ano, 40 mortes em 21 grandes canteiros de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que, juntos, chegam a um investimento de R$ 105,6 bilhões.

Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou que, desde 2003, o Brasil acumulou 1,3 milhões de acidentes de trabalho, dos quais 2503 resultaram na morte de trabalhadores de diversos ramos. Esses números colocam o Brasil no 4º lugar em número de mortes por acidente de trabalho no mundo, atrás dos três primeiros colocados: China, Estados Unidos e Rússia. Segundo o estudo, as causas básicas desses acidentes são o descumprimento das normas de segurança e as más condições nos ambientes e processos de trabalho.

Transformar a indignação em ação

Um dia após a tragédia, cerca de 2 mil trabalhadores da construção civil em Salvador paralisaram suas atividades por 24 horas e realizaram um protesto no local do acidente. A atividade, convocada por diversos sindicatos da categoria, denunciou a negligência dos empresários com relação à segurança do trabalho, em passeata até o cemitério Bosque da Paz, onde dois dos nove operários foram sepultados. Na ocasião do sepultamento, foi estimada uma participação de cerca de 3 mil trabalhadores. Outros 100 manifestantes paralisaram ao meio-dia a Estação da Lapa, o principal terminal rodoviário da cidade; além disso, manifestações também ocorreram na Avenida Paralela, na Avenida Juracy Magalhães e na Rótula do Abacaxi.

Os operários de Salvador, indignados, seguiram o exemplo dos trabalhadores da construção civil este ano, que não ficaram de braços cruzados e se puseram em luta contra o descaso, os abusos das empreiteiras e da omissão dos governos frente à precariedade de suas condições de vida e trabalho. Neste ano, cerca de 100 mil trabalhadores estiveram mobilizados contra as condições precárias e os acidentes e mortes nas obras do PAC – a exemplo dos trabalhadores da hidrelétrica do Rio Madeira em Jirau e Santo Antônio (RO), da refinaria de Pecém (CE), do pólo petroquímico de Suape (PE), unidade de tratamento de gás em Caraguatatuba (SP) e hidrelétrica de Mato Grosso do Sul.

A CSP-Conlutas, em solidariedade aos familiares e amigos das nove vítimas, publicou uma nota em que reafirmam “a ganância dos empresários e a conivência e inércia dos governantes” como pano de fundo da situação, exigindo a defesa das vidas dos operários e o fim das mortes nos canteiros de obras.

É necessário que os trabalhadores se unam para lutar, indo além da denúncia das más condições de trabalho e expondo também o contexto que colabora para esse quadro: o boom da construção civil e a crescente especulação do setor imobiliário; o duro regime de trabalho imposto pelas grandes empreiteiras; e a política de incentivo dos governos às construtoras e de abandono dos trabalhadores, que ficam privados de seus direitos e têm suas vidas usadas como combustível desse tal “crescimento econômico do país” que, na real, beneficia os ricos e poderosos.

MONIQUE CARNEIRO, DE SALVADOR (BA)
Fonte: Sítio do PSTU

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Solidariedade aos familiares dos companheiros mortos em Salvador

A defesa de nossas vidas dependerá de nossa união e luta contra os empreiteiros e os governantes que buscam manter-se na riqueza e no poder sobre os cadáveres dos operários

Raul Spinassé/Ag. A Tarde

ATNÁGORAS LOPES
Operário da construção civil, da coordenação da CSP-Conlutas

É com profunda dor e indignação que externamos, em primeiro lugar, nossos mais sinceros votos de pesar aos familiares e amigos de nossos nove companheiros que ontem nos deixaram, vítimas de um acidente de trabalho em um canteiro de obras em Salvador, no estado da Bahia.

Nesse difícil momento queremos nos dirigir também aos milhares de operários da construção em Salvador e prestar-lhes a nossa solidariedade de classe e também dizer-lhes de nossa crença de que será somente a partir da reação e luta de nossa categoria, como agora vocês estão fazendo, que poderemos reverter esse cenário de tamanha exploração e desprezo dos empresários e governantes pelas nossas vidas.

Temos milhões de motivos para nos entristecermos e nos indignarmos nesse momento de tamanha perda, mas temos também o desafio de encontrar forças para organizar nossa revolta e transformá-la em uma ação unitária de nossa categoria pra enfrentar e reverter esse cenário tão macabro, que se alimenta da ganância dos empresários, da conivência e da inércia dos governantes.

Não ficaremos assistindo às propagandas do “desenvolvimento” do país, como se isso estivesse beneficiando a vida de quem trabalha enquanto, na verdade, esse tal crescimento está se dando às custas de nossas péssimas condições de trabalho, de saúde, de salário e de segurança. Oficialmente, no ano passado, foram 379 mortes por acidente de trabalho em nosso país, isso sem contar algumas dezenas de milhares que certamente não foram registradas nos cálculos do governo. 

É preciso que sejamos solidários uns com os outros, apoiar e dar força aos familiares de nossos camaradas. Assim, saudamos a unidade e atitude de nossos companheiros da Bahia que nesse momento se levantam em marcha e lutam contra essa situação.

Em meio à dor e indignação, nossa categoria tem encontrado forças para gritar! 

Contra essa situação já ocorreram várias lutas só neste ano, manifestações e gritos de resistência de nossa categoria. Por exemplo, no último dia 28 de abril os trabalhadores da Construção Civil de Belém paralisaram suas atividades exigindo mais segurança nos canteiros; ação idêntica farão nossos companheiros de Fortaleza no próximo dia 19 em protesto contra as 16 mortes ocorridas só este ano naquela cidade. Foi exatamente contra as péssimas condições de trabalho que, no início desse ano, cerca de100 mil operários das obras do PAC se levantaram em greve e protestos em todas as regiões de nosso país.

Está evidente que a defesa de nossas vidas dependerá de nossa união e luta contra os empreiteiros e os governantes que buscam manter-se na riqueza e no poder sobre os cadáveres de nossa categoria. Afinal, como vivem hoje os filhos de nossos milhares de companheiros que tombaram?

Quantos empresários ou governantes foram punidos?

Por que o governo sabe que um contingente de 3 mil auditores fiscais é absolutamente insuficiente para fiscalizar todas as obras de nosso país e não faz nada?

Por que somos obrigados a andar nesses elevadores externos, por dezenas de andares, se a engenharia e a tecnologia permitem e possibilitam condições para que, desde a primeira laje, já se instale os elevadores definitivos que, como sabemos, não andam caindo e matando os milhões que moram nos prédios que nós construímos?

Além de nosso pesar, de nossa dor e de nossa indignação é hora de juntar as nossas forças, unificar nossa categoria e em nome dos que tombaram e em defesa das nossas vidas, exigir: 

Chega de mortes nos canteiros! 


Atnágoras Lopes é operário da construção civil de Belém (PA) e membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas
Fonte: Sítio do PSTU

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

40 mil operários entram no quarto dia de greve na refinaria de Suape, em obras da Copa e na Transnordestina, em Pernambuco


Os operários da construção da refinaria de Abreu e Lima e do Pólo Petroquímico, em Suape (PE), voltam à greve e lutam por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.

Essa mobilização se estende aos operários da “cidade da Copa”, em Recife (PE), e parte da ferrovia Transnordestina, retomando assim as características das mobilizações dos trabalhadores da obras do PAC no início do primeiro semestre desse ano que levaram mais de 100 mil a cruzar os braços.

As principais reivindicações desses operários, que estão em data-base, são o reajuste dos salários, que começou com uma pauta de 30% e agora já foi rebaixada para 15%; o aumento no valor da cesta básica para R$ 300,00 e o abono dos dias da greve realizada em março desse ano. Em contrapartida, os empresários da Odebretch, Conest, Galvão entre outras empreteiras se negam a atender o que os trabalhadores querem.

O Sintepav –PE (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada de Pernambuco), ligado à Força Sindical, tenta impor-se como a direção do movimento e busca um “acerto” junto à patronal que lhe permita dar um fim às paralisações. Esse é o mesmo sindicato que em março se colocou contra a greve, num episódio que levou a morte de um trabalhador por infarto e que outro operário fosse baleado. A entidade também vem se utilizando de todas as maneiras para impedir que outras organizações e movimentos possam dar apoio à luta desses trabalhadores.

Omissão de Dilma e da Petrobrás fortalece empresários – Frente a todo esse impasse e ao clima de tensão, próprio da truculência e intransigência dos empresários, é um absurdo que nem a presidente Dilma, nem a Petrobrás tenham se pronunciado. Essa postura demonstra que estão ao lado dos empresários, pois deixa os operários a sua própria “sorte”. Entre outras explicações para essa posicionamento, podemos citar que essas construtoras foram um dos setores que financiaram, com dezenas de milhões de reais a, campanha da atual Presidente da República.

É hora de fortalecer a greve – “É preciso cercar de solidariedade a greve desses operários para que não se dê mais nenhum passo para trás”, afirma o membro da Secretaria Executiva, Atnágoras Lopes, que esteve em Pernambuco com trabalhadores que integram a CSP-Conlutas pra discutir esse tema.

A greve dos operários em Pernambuco, movida nesse momento pela luta salarial, também recende todo o debate sobre as péssimas condições de trabalho nesses grandes empreendimentos.

Seguem as diferenças salariais para trabalhadores de mesma profissão, o assédio moral por parte dos encarregados, o patrulhamento armado no interior dos canteiros, as infinitas filas para as refeições, a situação dos alojados e o absurdo de só terem o direito de visitar suas famílias por cinco dias a cada 120 trabalhados.

Outro retrato do tal propagado “desenvolvimento econômico brasileiro” é o rastro de problemas sociais gerados nas cidades no entorno dessas obras, que vão desde a falta de infra-estrutura, saúde e segurança até a opressão, o preconceito e a intolerância, que contaminam e degradam as relações humanas dos seres de uma mesma classe; Tido esse quadro revela parte de um plano hostil gestado pela ganância das grandes construtoras e amparado pela conivência dos governos Federal e Estaduais.

“É hora de unir os trabalhadores de todas as obras e em uma só luta para enfrentar o Governo, a Petrobrás, os empresários e as direções traidoras do movimento, com a força necessária para que, apoiados nas lutas de outras categorias, possam avançar em suas conquistas e sigam gestando uma nova alternativa de direção para as batalhas de nossa classe em nosso país”, comenta um dos representantes da CSP-Conlutas (PE), durante conversa com alguns ativistas das obras da refinaria Abreu e Lima.

Fonte: Sítio da CSP-Conlutas

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Após assembleia, trabalhadores do Complexo de Suape (PE) decretam greve


Sindicato defende 15% de aumento, cesta básica de R$ 300, além do abono dos dias parados durante a greve ocorrida em março.

Cerca de 40 mil trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima e do Polo Petroquímico de Suape (PE) suspenderam os trabalhos, na manhã desta terça-feira (2). A greve foi decretada após a realização de Assembleia Geral, por volta das 7h30.

Os operários recusaram as propostas apresentadas pelo patronato, que sugeriu 10% de aumento salarial, reajuste da cesta básica de R$ 160 para R$ 180 e folga de campo de cinco dias úteis para cada 90 dias trabalhados.

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada de Pernambuco (Sintepav-PE) defende 15% de aumento, cesta básica de R$ 300, além do abono dos dias parados durante a greve ocorrida em março. O abono será analisado pelas empresas, que devem dar uma resposta nesta quarta-feira.

A greve restringe-se aos trabalhadores do Complexo Industrial de Suape. Os trabalhadores da Cidade da Copa, Ferrovia Transnordestina e Transposição do Rio São Francisco não paralisaram os trabalhos, mas continuam em negociações.

Nesta quarta, o Sintepav-PE e a Força Sindical devem realizar uma nova assembleia para divulgar novidades sobre as negociações com o patronato. O encontro acontece a partir das 7h, em frente à fábrica de PTA.

Da Redação do pe360graus.com

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Correio Internacional: Grécia é a ponta do iceberg da crise europeia

LIGA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES - QUARTA INTERNACIONAL

Detalhe de protesto contra pacote do governo
Os recentes acontecimentos ocorridos na Grécia mostram o que pode ocorrer em toda a União Européia (UE), como consequência da crise econômica internacional. Inicialmente, o epicentro da crise esteve localizado nos Estados Unidos, mas a UE foi o pólo imperialista mais afetado, e expôs todas suas contradições.

A União Europeia nasceu através de diferentes tratados internacionais na década de 1990. Atualmente é formada por 27 países, como continuação e da Comunidade Econômica Europeia (CEE), fundada em 1957. Em seu seio criou-se, em 2000, a chamada “zona do euro”: 17 países que adotaram o euro como moeda comum controlada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Longe de ser uma “união igualitária de países”, que permitiria “o progresso e o bem-estar de seus povos”, a UE nasceu com dois objetivos muito claros. O primeiro era defender um “espaço imperialista próprio”, para fazer frente aos EUA. O segundo era somar as forças destas burguesias imperialistas para atacar e começar a liquidar as conquistas sociais do chamado “Estado do bem-estar social”, conseguidas pelos trabalhadores europeus, depois da II Guerra Mundial. Naquela ocasião, os capitalistas viram-se forçados a fazer grandes concessões diante o risco do avanço da revolução socialista.

Uma união de desiguais

Na UE e na zona do euro juntaram-se países de muito desigual desenvolvimento econômico e produtivo (por exemplo, a Alemanha e Grécia). Seus grandes beneficiários foram as principais potências (Alemanha e França), especialmente suas grandes empresas e bancos que puderam expandir sem grandes limitações seus negócios e investimentos.

Os países mais débeis, como Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, sofreram um forte processo de desindustrialização (com o desaparecimento ou com a redução extrema a setores como a siderurgia ou a naval); redução dos setores agrícolas “não competitivos” (que agora deviam competir com os agricultores da Alemanha e França que recebem enormes subsídios dos seus governos), além da penetração e domínio crescente de seus mercados bancários e financeiros.

Durante o último período de auge da economia mundial (2002-2007), este desenvolvimento foi dissimulado pelos rendimentos que os países mais débeis recebiam através do turismo, comércio e o transporte, e com o desenvolvimento da construção. O circuito econômico acumulava contradições, mas ainda “fechava”. A economia da espanhola, ajudada pelo rendimento de seus investimentos na América Latina, viveu um período de auge. Mas a crise cortou esse circuito, em grande parte fictício, e as contradições explodiram.

Esta relação de domínio dos países imperialistas mais fortes sobre os mais débeis não é algo novo na história. Em seu conhecido livro sobre o imperialismo, Lênin já assinalava, por exemplo, que Portugal era ao mesmo tempo uma potência colonial e um país totalmente dependente da Inglaterra. A criação da UE e da zona do euro aprofundaram este tipo de relações e, com a crise, estão levando a novos limites.

A crise das dívidas públicas

A crise econômica internacional afetou a economia europeia de conjunto e diminuiu os rendimentos de euros dos países mais débeis. Os estados começaram a se endividar por meio dos recursos dos bancos e para enfrentar o pagamento das dívidas públicas que aumentavam aceleradamente em cada refinanciamento. O custo deste refinanciamento era cada vez mais alto, pois a qualificação as dívidas piorava dia a dia. Mas o endividamento perdeu o controle quando os governos despejaram bilhões para salvar os bancos a beira da falência. 

Chegou-se assim às situações de “default”: isto é, de impossibilidade dos Estados nacionais enfrentarem suas dívidas. Com isso, surgiram os chamados “pacotes de ajuda” por parte da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para cobrir o “saldo negativo” e impedir a quebra.

A “ajuda”, porém, é acompanhada de duríssimas exigências e planos de ajuste que reduzem salários e as pensões das aposentadorias, aumento dos impostos à população, ataque a saúde e a educação pública, privatizações etc. Em resposta começa uma luta dos povos contra essas medidas, aumentando ainda mais a “instabilidade” para a burguesia.

A segunda crise do euro

A crise grega e sua evolução não é um processo que afete apenas esse país. Nem sequer é uma crise que se limite ao que pejorativamente a mídia inglesa chama de PIGS*. A revista britânica “The Economist”, analisando a crise grega define uma “segunda onda de crise do euro”, desde 2008, porque este país é a parte mais visível de uma crise continental. Ou seja, na Grécia, está se decidindo a sorte do sistema euro que levou mais de 50 anos para ser construído pela burguesia imperialista europeia.


Uma crise européia

Trata-se de uma “crise européia” por três razões. A primeira é a rigidez do sistema monetário conjunto. A existência de uma moeda e uma autoridade internacional comum faz que os países membros da zona do euro não possam ter uma política monetária capitalista própria (como uma forte desvalorização de sua moeda nacional, por exemplo) sem romper com o euro. Ao mesmo tempo, todas as medidas “anticrise” da autoridade monetária europeia representam na prática uma “intervenção” e uma imposição sobre os países afetados. 

A crise dos países membros, ainda que afete os mais débeis, transforma-se em uma crise do euro em seu conjunto. O sistema financeiro grego é hoje controlado por capitais estrangeiros, principalmente alemães, franceses e norte-americanos. Em outras palavras, uma quebra do Estado e do sistema financeiro grego (ao estilo da Argentina em 2001) teria gravíssimas consequências no sistema financeiro europeu e mundial.

A corrente imperialista ameaça arrebentar em seu elo mais frágil. Mas a crise fiscal e econômica avança em países maiores como Espanha e Itália, que acaba de sofrer um ataque especulativo respondido pelo governo Berlusconi por meio de plano duríssimo de ataque, votado em unidade total com a oposição no parlamento. Inclusive potências bem mais fortes, como a Grã-Bretanha e França, se vêem obrigadas a aplicar planos de “austeridade”. Se o “elo mais frágil” rompe na Grécia, seu “efeito se expandiu para os demais elos da União Europeia. Segundo palavras de um ex-prêmio Nobel de Economia, o norte-americano Paul Krugman, a queda do euro seria “uma catástrofe” para a economia e para as finanças mundiais.

O Pacto do euro

Mas as burguesias europeias, especialmente as da Alemanha e França, estão dispostas a defender até o final o euro e seu espaço imperialista. No dia 27 de junho foi ratificado em Bruxelas, sede da EU, o chamado “Pacto do Euro”, um texto assinado pelos 17 chefes de governo da zona do euro para “responder à crise e aumentar a competitividade da Europa”.

Mas para fazê-lo serão obrigados a avançar com tudo seus ataques. Terão que sujeitar os países mais débeis impondo-lhes, junto com a “ajuda financeira”, medidas e condições de controle similares às impostas na América Latina nas décadas de 1980 e 1990. Por exemplo, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, tem dito explicitamente que Grécia terá sua soberania "enormemente limitada" com o plano de ajuste que aprovou para desbloquear as ajudas da UE e do FMI.

Em segundo lugar, deverão atacar cada vez mais as conquistas, as condições de vida e os direitos dos trabalhadores. Neste aspecto, a Grécia é a ponta de lança dos planos de ajuste que se aplicam em todo o continente. Hoje o sistema capitalista imperialista já não pode garantir a manutenção de nenhuma destas conquistas (convênios salariais, condições trabalhistas, aposentadorias dignas, saúde e educação públicas de qualidade) e precisa destruí-las para defender seus lucros e jogar o custo da crise nas costas dos trabalhadores e do povo.

As contradições interimperialistas

Os bancos, duplamente responsáveis pela atual situação, são os que mais exigem sacrifícios dos países débeis e dos povos europeus. Mas isto começa a provocar divisões nas burguesias imperialistas europeias.

Enquanto a cúpula da UE e do Banco Central Europeu (BCE) defendem a postura dos bancos, a premier alemã Ángela Merkel apresentou a posição de que os bancos se responsabilizem por uma parte do custo dos “pacotes de ajuda” -destinados em última instância a “os salvar”. Assim atenuar um pouco seu impacto popular. Merkel expressa seguramente a dupla pressão da burguesia industrial alemã, que quer evitar uma nova recessão e dar saída a suas exportações. Além disso, serve com satisfação ao eleitorado alemão que se opõe que Estado contribua para estes pacotes de ajuda. Ao mesmo tempo, teme também as reações populares que estes pacotes podem provocar. Os governos da França e Espanha aliaram-se com as posições mais duras do BCE e possivelmente reflitam o compromisso estreito de seus principais bancos com as dívidas dos PIGS. Em qualquer caso, estas divisões agregam mais instabilidade a uma situação já de por si explosiva.


A crise se acelera

A burguesia dos países mais débeis, como a grega, está disposta a aceitar essas condições humilhantes para defender os lucros que recebem da exploração dos trabalhadores, ainda que isso represente um claro retrocesso de seus países e a obrigação atacar os direitos dos trabalhadores.

Nenhum país europeu está em boa posição para “socorrer” outro. Depois da Grécia esperam em fila Portugal, Irlanda, Espanha, Itália, Inglaterra… Já foi gasto quase toda a munição de apoio estatal em 2008-2009. O próprio EUA sofre sua própria crise econômica e política, e seu risco de default. Algo imaginável no passado.

Mas se as burguesias aceitam a se sujeitar, os trabalhadores e o povo não parecem dispostos fazê-lo. No caso grego, a resistência faz mais de dois anos e toma um caráter heróico: mais de uma dúzia de greves gerais às quais se somam também a ocupação de praças, ao estilo egípcio ou espanhol.

Mas se os trabalhadores e o povo grego estão na vanguarda, fica claro que a resistência começa a se estender por todo o continente. Ali está a luta dos trabalhadores e da juventude da França contra Sarkozy, em 2010; as mobilizações da “geração à rasca”, em Portugal; os indignados espanhóis; a poderosa greve geral de funcionários públicos e docentes na Inglaterra. Essa luta produz desgaste e crise nos governos que aplicam os planos, sejam de direita ou de “esquerda”. Na medida em que a luta se mantém, são os próprios regimes os que começam a entrar em crises, ao se esgotarem as mediações políticas que tratam da desviar e frear as lutas. Na Grécia, se desgasta aceleradamente o governo do social-democrata PASOK (Partido Socialista), sem que a direita (Nova Democracia) se recupere de sua derrota eleitoral de 2009. E os deputados de ambos partidos tiveram que ser protegidos por vários cordões policiais quando votaram o último pacote. Um desgaste dos regimes que também começa a se expressar quando os jovens de Portugal e da Espanha reivindicam “democracia real” e denunciam a profunda ligação desses regimes políticos e seus partidos com a burguesia imperialistas.

Há desigualdades. A situação não é a mesma entre Grécia e Alemanha, onde o proletariado mais poderoso da Europa ainda não entrou em cena, pese que tem tido grandes mobilizações contra as usinas nucleares, e o governo de Merkel também sofre as consequências da crise europeia com a queda de seu prestígio político.

Em outras palavras, as burguesias europeias devem aplicar os piores planos de ajuste e realizar os mais duros ataques em décadas, mas não em um cenário de tranquilidade, mas enfrentando forte resistência e crescentes crises políticas.

Qual é a saída?

Apesar de uma resistência cada vez mais forte contra os planos de ajuste, especialmente na Grécia, os trabalhadores e os jovens europeus não vislumbram uma saída para a crise. Isto é assim porque as direções sindicais burocráticas e políticas dos trabalhadores, inclusive quando se veem obrigadas a chamar a greves gerais e mobilizações, impedem a realização de verdadeiros planos de luta que enfrentem os planos de ajuste e derrote os governos que os aplicam. Uma luta que deve ter como perspectiva a criação de governos operários e populares que apliquem programas ao serviço dos trabalhadores e do povo, e não dos banqueiros. Além disso, essas direções dividem a luta país por país e assim a debilitam.

Essa política das direções majoritárias dos trabalhadores acabam por defender a UE e da zona do euro. Uma posição que é compartilhada por outras correntes localizadas mais à esquerda, como o Bloco de Esquerda (BE) de Portugal, para quem se trata de criar, dentro da UE, “alternativas para políticas de criação de emprego e de decisão democrática contra a especulação financeira” e elaborar um “programa viável de luta” por uma “nova arquitetura da UE”. Em outras palavras, trata-se de “reformar” à UE para torná-la mais “humana”.

Todas essas correntes fazem coro com a burguesia imperialista. Dizem aos trabalhadores, aberta ou implicitamente, que se os planos de ajuste e suas consequências são uma “medicina amarga”, mas muito pior seria sair da UE ou do euro.

A crise capitalista tem obrigado à UE a mostrar sua verdadeira face: uma construção ao serviço do imperialismo alemão (e de seu lado, o francês), em benefício de seus bancos e das multinacionais, submetendo ferreamente países como Grécia, Portugal, Irlanda ou Espanha, e atacando duramente todos os trabalhadores do continente. Já não há margens para o discurso demagógico do “modelo social europeu”, nem para “jogos democráticos” sobre quem e onde se decidem os planos de ajuste. Não existe nenhuma possibilidade de “reformar” a UE para torná-la “mais humana” como não há modo de fazer com o capitalismo imperialista de conjunto.

Por isso, Grécia, Portugal e Irlanda só poderão salvar da catástrofe se declarem o não reconhecimento de sua dívida pública, romperem com a UE e adotarem medidas drásticas como a expropriação dos bancos, a nacionalização das empresas estratégicas sob o controle dos trabalhadores, escala móvel de horas para que trabalhem todos e o estabelecimento do monopólio do comércio exterior. Um programa que, em um futuro a cada vez mais próximo, também estará proposto para outros países, como Espanha e Itália.

A LIT-QI é plenamente consciente de que os problemas da Grécia, Portugal e Irlanda não terão solução de modo isolado. Por isso, nossa proposta não significa a volta do velho isolamento “nacional” capitalista, nem de suas moedas, como propõem diversas correntes de direita no continente.

À Europa do capital, representada pela UE e pela zona do euro, nossa proposta é a luta do conjunto dos trabalhadores do continente para conseguir sua própria unidade e uma saída operária e popular, na perspectiva da construção dos Estados Unidos Socialistas da Europa.

Esta é uma tarefa imensa, mas imprescindível que deve ser acompanhada com urgência, no processo vivo das lutas, no surgimento e na construção de novas direções sindicais e políticas, baseadas na independência de classe do movimento operário de todas as variantes da burguesia e de seus governos.

Fonte: Sítio do PSTU