Mesmo contra a proposta da direção da FUP (Federação Única dos Petroleiros), que deliberou por chamar o seu Conselho Deliberativo para o dia 22 de novembro e “esqueceu” que havia marcado uma greve para o dia 16, começou o movimento grevista dos petroleiros da Petrobrás.
O grande fato foi a assembléia dos petroleiros da Bahia, que votou contra o indicativo da FUP e decidiu entrar em greve por tempo indeterminado no dia 16. Junto com eles paralisaram as atividades os petroleiros de Sergipe, São José dos Campos e Litoral Paulista. No Litoral Paulista parou a refinaria (RPBC), os terminais Transpetro (Alemoa, Pilões, Tebar) e Unidade de Transporte de Gas de Caragua. Em Sergipe: Atalaia, Sede da Rua Acre, FAFEN, Carmópolis (Jordão, Siriri, Riachuelo e Base).
Em virtude dos vacilos da direção da FUP, que causa muita insegurança, nem todas as bases pararam. Afinal, não gostariam de ir a um movimento sem unidade nacional, pois conhecem a violência com que o governo Dilma está atacando as greves. Basta ver o que ocorreu com as greves dos Correios e dos bancários, e a privatização dos aeroportos.
Mas o movimento foi nacional. No Rio de Janeiro parou o Terminal da Ilha, por duas horas parou o Terminal da Baia da Guanabara e houve uma grande agitação nas prédios centrais da cidade. Em Alagoas realizaram atrasos de duas horas na Estação do Pilar e Furado. E em Manaus atraso na sede administrativa.
Mas a greve continua nesse dia 17 e já se anuncia maior, pois o sindicato do Rio de Janeiro decidiu que vai recrudescer as paralisações nos prédios administrativos com atividades surpresas.
Além disso, aumenta a mobilização nas próprias bases da FUP e isso poderá impor uma antecipação da greve, sem a espera do Conselho Deliberativo no dia 22.
Os sindicatos do Rio Grande do Norte e Ceará anunciaram que haverá pelo menos paralisações parciais dia 17 e, junto com o sindicato da Bahia, estão encaminhando um documento oficial para FUP exigindo que esta Federação se some ao movimento e que antecipe o CD para esta sexta-feira.
Estes acontecimentos e a iniciativas das oposições em Caxias e Norte Fluminense também poderão desencadear mobilizações nestas bases.
Junte-se a isso a greve dos 5 mil operários das obras do COMPERJ, que poderão ir aos predios centrais do Edise e Ventura, que são prédios próximos da Justiça do Trabalho, levar suas reivindicações; os petroleiros terceirizados da CEMON, que estão em greve há mais de 30 dias; e aos operários de Carauari, na Província do Urucu e veremos que os trabalhadores setor de petróleo estão construindo uma panela de pressão pronta para explodir.
Proposta da Petrobrás é rebaixada
A Proposta da Petrobrás não traz nenhum avanço. A empresa apresentou uma proposta de ACT sem nenhum avanço nas cláusulas sociais e uma proposta econômica rebaixada e discriminatória, que não leva em consideração a reivindicação de aumento real de 10% no salário básico.
Além de irrisória, a proposta econômica é uma grande enganação, pois nem mesmo sob a lógica de remuneração variável pode ser considerada aceitável. Em relação ao abono, repete os mesmos valores do acordo fechado em 2010. A Petrobrás oferece como proposta ganho real zero no salário básico. Para piorar, ainda afirma que o reajuste proposto na RMNR é “um dos maiores índices conquistados pelas categorias de trabalhadores do país neste ano”.
Outras categorias já mostraram que apenas com luta é possível avançar e arrancar um acordo vitorioso. Os metalúrgicos da GM de São José dos Campos, com 24 horas de greve, tiveram 10,8% de reajuste, um aumento real de 3,2% acima da inflação; os trabalhadores dos Correios tiveram R$ 80,00 de reajuste, o que significa 9% de aumento real no salário, acima da inflação do período; Os bancários tiveram, apesar dos 9% de reajuste geral, um reajuste de 12% no piso, o que significa um reajuste real de 5% no piso da categoria. Esses três exemplos mostram que apenas com a greve nacional e unitária é possível avançar.
FUP: além de suspender a greve sem falar para ninguém, sumiu da portaria da empresa
A direção da FUP decidiu de fato aplicar a ‘tática Gasparzinho’. Primeiro deu uma orientação às assembléias dos trabalhadores de base para rejeitarem a proposta da empresa, não fazerem nada e esperarem o Conselho Deliberativo do dia 22, sem nem mesmo explicar por que suspendeu uma greve que foi votada em toda base para se iniciar no dia 16.
Já sabíamos que a democracia não era mais o forte da FUP, quando ela não votou a pauta da Campanha Salarial na base e nem consulta os trabalhadores de base sobre os rumos do movimento.
Mas o mais impressionante desta vez é que as direções de vários sindicatos ligados a esta entidade nem mesmo aparecerem na portaria da empresa no dia 16 para dar satisfação aos trabalhadores, sobre o que fazer, explicar por que a greve foi suspensa e quais os novos rumos da campanha salarial. Com certeza é por que não queriam ouvir os protestos dos trabalhadores da base contra o seu governismo exacerbado.
Vergonha: Dilma veta projeto de Lei sobre anistia para demitidos no governo Collor
Vergonha. Essa palavra resume a medida tomada pela presidente Dilma no último dia 11 de novembro, uma data que ficará marcada na história – lamentavelmente – como um duro golpe à classe trabalhadora. Uma grande traição àqueles que ajudaram a eleger este governo que, ironicamente, se auto-intitula representante dos trabalhadores.
A presidente Dilma vetou, integralmente, o projeto de lei que reabre prazo para que os servidores públicos federais demitidos durante o governo Collor (1990-1992) apresentem requerimento de retorno ao serviço. O projeto (PLS 372/2008) já havia sido aprovado pelo Senado e havia tido sua sanção garantida pela própria presidente Dilma, durante sua candidatura à presidência da República.
Com certeza não foi para isso que a maioria dos petroleiros votou nela para ser presidenta.
Por Américo Gomes, do ILAESE
Fonte: Sítio do PSTU
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