Com o exemplo vivo em suas memórias de Saúl Cantoral, os combativos operários mineiros de Marcona realizam uma greve exigindo “inclusão” a Ollanta Humala e assinalando o verdadeiro caminho a seus irmãos trabalhadores proclamando: “sem lutas não há vitórias”.
No dia 31 de agosto, 1134 operários mineiros da Shougang Hierro Perú, localizada em Marcona-Nasca, iniciaram uma greve por tempo indeterminado exigindo isonomia dos seus salários, aumento justo e outras demandas.
Produto da paralisação, a mina de ferro mais importante do Peru explorada por uma empresa chinesa, se encontra completamente paralisada.
Um comitê de luta com o ativo apoio das donas de casa organiza um fundo de greve e as mobilizações na área mineira, enquanto duas centenas de operários foram em uma marcha com sacrifício até Lima para exigir das novas autoridades que intervenham na solução justa de suas demandas dada a conhecida prepotência da empresa que converteu a negociação coletiva numa chacota.
Na negociação com a empresa, esta ofereceu um ridículo aumento de 1,30 (diários) [Equivalente a US$0,50], e na etapa de “conciliação”, como sempre, busca que as autoridades do Trabalho resolvam mediante resolução o aumento salarial, o que nos últimos anos não passou na média dos 3 soles [Novo Sol – S/ – é a moeda peruana], nada mais longe de um aumento digno que se equipare com os crescentes lucros que a empresa vem obtendo.
Mas o que sobretudo exigem os operários é a isonomia salarial: salário igual para trabalho igual, como mandam as leis, e o resumem na sua consigna: “inclusão também é isonomia”. Pois 75% dos operários recebe um salário de 43 soles enquanto o resto recebe em média 68 soles, além de outros benefícios. Apesar de ser um direito, a empresa entrou na justiça protelando e deixando incerta a solução da questão.
A greve de 2007
A abusiva política da multinacional chinesa não é nova; vem desde sua privatização em 1992 quando atirou na rua a centenas de trabalhadores, estabeleceu o sistema de serviços [tercerização], e impôs uma política de medo, demissões constantes e violação dos direitos sindicais, tudo com o aval das autoridades.
Recordamos ainda a grande greve de 60 dias que realizaram os mineiros contratados desta mina encabeçados por Rony Cueto em 2007, recém empossado o governo de García, exigindo sua contratação, pois a tercerização no qual se encontravam, muitos até por quinze anos, era um disfarce para permitir as demissões em qualquer momento.
A heróica greve conseguiu conquistar a contratação de quase todos os operários, mas os dirigentes da Federação Mineira deram as mãos à empresa e ao Ministério para deixar na rua dez dirigentes, que encabeçaram a greve e ainda o caso de Rony Cueto, que foi injustamente levado à prisão.
Hoje estes mineiros voltam a lutar com a confiança de que há um novo governo que ofereceu “inclusão social”, e a inclusão, dizem, é justiça: salários dignos, isonomia. E nós acrescentamos: recontratação de todos os demitidos pela Shougang, entre eles o dirigente Rony Cueto.
Dança de milhões
A Shougang não pode explicar porque não cumpre com as demandas operárias se está nadando em dinheiro, como a maioria das mineradoras.
Em 2010 obteve um lucro recorde de 818 milhões de soles, que é o dobro do que obteve dois anos atrás. E nos seis primeiros meses deste ano já alcançou 754 milhões de lucros, o que indica que superará de longe o recorde do ano passado. Dinheiro é o que sobra.
O que ocorre é que a exploradora Shougang pretende seguir mantendo a política de mão de obra barata para seguir acumulando mais lucros e uma política de prepotência que lhes permita seguir mantendo os trabalhadores submetidos, e ao povo de Marcona no atraso.
Mineiros de Quenuales recebem os primeiros golpes do governo
Logo após a juramentação do presidente Ollanta Humala, os trabalhadores mineiros passaram da expectativa à ação, reclamando solução para suas reivindicações.
Os trabalhadores de Morococha realizaram uma greve e uns dias depois organizaram seu caderno de reivindicações.
O mesmo aconteceu com os trabalhadores de Quenuales, que levaram a cabo uma greve de quase três semanas, exigindo também solução de suas reivindicações.
A oferta patronal de S/ 1.50 foi tomada como uma chacota pelos 1700 operários que trabalham em 11 contratos. Eles recebem um salário mensal entre S/ 1 000 e 1500 mensais que não basta para viver nem reflete a bonança econômica da empresa.
Nas reuniões de conciliação [antes da entrada na justiça] a representação patronal manteve a negativa, o que impediu de se chegar a um acordo, por isso os trabalhadores se preparam agora para a retomada de sua luta.
O Sindicato Unitario compreende os que trabalham na mina e na área metalúrgica da unidade operativa Yauliyacu.
Desde o primeiro dia de greve a repressão não deixou esperar: 250 policiais atacaram os trabalhadores, deixando um saldo de vários feridos. Como resposta os operários marcharam até Lima.
Durante seu protesto, os mineiros agitavam: “Quenuales, mineiros te repudiam” e “Ollanta, cumpra suas promessas”.
Numa assembleia geral realizada em frente ao Ministerio do Trabalho, presidida pelo Secretário Geral da Federação de Trabalhadores Mineiros da Macrosul, Jesús Ybañez, de Tintaya, delegações de sindicatos mineradores de Arcata, Chapi e Cerro Verde, que também têm acordos de greve, expresaram sua solidariedade com os companheiros.
Conversando com Bandeira Socialista [Jornal do Novo PST] que acompanhou a luta, os trabalhadores manifestaram que haviam “chegado a Lima em busca de solução e para dizer ao presidente Ollanta que cumpra as promessas que fez”.
Xeque ao rei
Uma onda de indignação recorre às minas onde se negociam diversas reivindicações operárias sem que as poderosas mineradoras, que tem ganhos recorde, ofereçam nenhuma solução. Como resposta as organizações operárias preparam greves, paralisações e marchas, como a que iniciaram os sindicatos de Quenuales e Shougang.
Como parte desta onda, Shoutern aceitou um acordo com seus trabalhadores outorgando um aumento de 6 soles, e em Cajamarquilla por 5 soles. Em outras bases:
Cerro Verde. O Sindicato de Trabalhadores aprovou uma paralisação preventiva de 48 horas que se iniciará em 8 de setembro, se não houver solução, arrancam uma greve indefinida em 13 de setembro.
Minas Buenaventura. Sindicato solicita um aumento de 15 soles diários.
Minera Aurifera Retamas (MARSA). O sindicato demanda um incremento de 12 soles e o pagamento total da alimentação dos operários.
Minera Milpo. O sindicato exige um aumento de 15 soles diários.
Argentum. O sindicato demanda um aumento de 20 soles diários. Los Quenuales. O sindicato levou a cabo uma greve de três semanas e assinou um acordo por 3 soles, mas a base não está de acordo e podem reiniciar a greve.
Doe Run-La Oroya. Operários e empregados estão dois anos e três meses sem trabalho por culpa da empresa, vendo seus salários minguados e seu trabalho em risco. Se não houver solução imediata, é possível que se desencadeie uma nova greve no complexo metalúrgico.
Minera Casapalca. O sindicato estabeleceu prazo de greve frente aos constantes atropelos da empresa.
Escrito por Nuevo PST - Peru
Tradução: Thaís Moreira
Fonte: LIT-CI
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