Trabalhadores enfrentaram a repressão da polícia e os ataques da grande imprensa
Após oito dias de uma forte greve que agitou a capital do Pará, os operários da construção civil conquistaram reajustes que chegam a 14% e uma série de outros avanços. A paralisação, deflagrada no dia 5 de setembro, enfrentou a intransigência da patronal, a repressão policial e a criminalização da grande imprensa.
No primeiro dia de greve, os operários tomaram as ruas do centro de Belém em uma marcha que reuniu cerca de 10 mil trabalhadores. Mas desde o início a greve enfrentou a política repressiva do governo Simão Jatene (PSDB). A Tropa de Choque e a Cavalaria, entre outros destacamentos, além de acompanharem as passeatas, foram deslocados para protegerem as propriedades dos empresários e inibir os piquetes nos canteiros de obras. No dia 13, a polícia reprimiu violentamente uma manifestação da greve, detendo dois operários e o diretor do sindicato Zé Gotinha.
Os trabalhadores, porém, não recuaram e mantiverem forte o movimento de greve, que durou oito dias. A patronal, que acenava inicialmente com apenas 7% de reajuste (apenas 1% de aumento real) foi sendo obrigada a aumentar a proposta. Numa segunda rodada de negociações, ofereceu 8%, que também foi recusado pelos trabalhadores. No dia 14, a patronal acenava com novo recuo e os operários suspenderam a paralisação para negociar, mas mantiveram-se em estado de greve.
“Nosso acordo, fruto dessa forte mobilização, foi o melhor que conquistamos em anos”, afirma o diretor do sindicato Aílson Cunha. A proposta aprovada pelos operários garante um salário de R$ 650 aos serventes, o que representa reajuste de 14%; R$ 680 aos semi-profissionais e R$ 900 aos profissionais, ou 12,5% de aumento. Para as demais faixas salariais, o reajuste é de 10%. Além disso, os operários conquistaram 20% de PLR e redução no desconto do vale transporte, de 3% para 2%.
Outros avanços foram o auxílio benefício aos operários incapacitados, enquanto não sai o auxílio do INSS, e o seguro de vida, que passou de R$ 11 mil para R$ 22 mil. “Não conquistamos todas as nossas reivindicações, como a cota de 10% para as mulheres operárias, mas avaliamos como muito positiva nossa greve, derrotamos a patronal e a imprensa burguesa e mostramos que com luta é possível vencer”, afirma Aílson.
Partido tem forte atuação na greve
O PSTU colocou todas as suas forças a favor da greve e aproximou diversos operários, que estão agora discutindo com o partido. ”Chegamos a vender mais de 300 jornais durante a greve”, relata Aílson, também militante do PSTU. ”Só em um canteiro, vendi 45 jornais do Opinião Socialista”, afirma.
Nesse dia 20 de setembro o PSTU promove o debate “Por que existe desigualdade social”, em que espera a presença de pelo menos 30 trabalhadores que se aproximaram do partido durante a greve.
Fonte: Sítio do PSTU
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