É histórico! Os operários terceirizados pararam por tempo indeterminado na Bacia de Campos. Neste dia 14 de junho, em Macaé (RJ), cerca de 400 operários foram a assembleia dos trabalhadores da construção, pintura e montagem das plataformas de petróleo da Bacia de Campos e deflagraram greve por tempo indeterminado. Além destes, foram apresentadas mais de 1.500 assinaturas. representando os trabalhadores favoráveis a greve mas que estavam embarcados nas plataformas.
O presidente do sindicato (SINTIPICC), no início da assembleia, até que tentou desviar a greve, para uma via meramente jurídica e aceitar a proposta da patronal. Mas os operários estavam “virados no capeta” e nem deixaram terminar sua fala, interrompida aos gritos de "greve, greve". Os mais antigos contam que há muitos anos não se via algo assim.
A mobilização começou há 45 dias com uma primeira assembleia que surpreendeu o sindicato e votou pela paralisação de dois dias. As redes sociais funcionaram como rastilho de pólvora e “incendiaram” os mares tomando as plataformas uma à uma. Foram dezenas de plataformas entre elas: Cherne-1 e 2, Enchova, PNA-1 e 2, P-7, P-8, P-48, P-20, P-12 e outras. Boa parte das operações foram interrompidas já que os terceirizados são em maior número nas plataformas da Petrobrás. Desde os guindastes até os pousos dos helicópteros, que são o único meio de transporte de pessoas para as plataformas, foram paralisados. Algumas lideranças da greve foram obrigadas a desembarcar mas os trabalhadores ameaçaram “sair no braço” se os líderes fossem retirados. No dia 15, na mesa de negociação, a patronal rejeitou nosso pedido de 30% aumento salarial, oferecendo apenas 9%. Sendo assim, dia 21 já começam os piquetes nos aeroportos, de onde partem as aeronaves que levam os trabalhadores às plataformas.
Terceirização
Certamente a terceirização nas unidades da Petrobrás é das mais absurdas do país. Para cada trabalhador efetivo da empresa, existem 6 terceirizados, que cumprem as mais diversificadas tarefas, desde a movimentação de cargas, cozinha, limpeza, até atividades bastante complexas de mecânica, estimulação de poços, robótica submarina e outras.
Os contratados, na sua maioria, ganham salários muito baixos e executam as tarefas mais perigosas. De todos os acidentes com morte, que ocorrem nas embarcações, 80% são com os contratados. A carga horária de embarque para um trabalhador efetivo da Petrobrás, é de 14 dias de trabalho para 21 dias de folga. Já um terceirizado que embarca, é de 14 dias de trabalho para 14 dias de folga. Porém, nas plataformas que não são da Petrobrás, é possível encontrar trabalhadores embarcados há mais de 50 dias. As mulheres contratadas sofrem muito com os assédios. Muitas são demitidas ao engravidar e geralmente ganham muito mal.
O banditismo sindical
Outro grande problema do trabalhador offshore (embarcado) são suas representações sindicais. São vários sindicatos para várias funções que só dispersam e atrapalham a unidade dos trabalhadores. O SINTPICC é dirigido há anos por uma família. Muitos de nós trabalhadores nos queixamos de sempre que entramos no sindicato somos logo abordados por capangas armados que nos tratam como se fôssemos marginais. O enriquecimento, as relações promíscuas com a patronal e o banditismo são características dessas direções que tornam a luta contra o patrão uma verdadeira guerra perigosa. Por outro lado, são direções detestadas pela classe operária.
O SINTPICC nunca chamou tal mobilização no passado e atua contra ela desde o início. Mesmo na greve, o sindicato continua amplamente rechaçado na base.
Tomar de greve a Bacia de Campos
A Bacia de Campos é responsável por 85% da produção de petróleo nacional, além de Cabiúnas, onde ameaça parar também, que produz 52% do gás natural. O Petróleo é a principal base energética de toda a sociedade capitalista moderna. Esta produção é estratégica para a Soberania Nacional e principalmente para o povo e os trabalhadores.
Os petroleiros efetivos e contratados devem se unir, em uma greve unificada. Em breve começará a brava campanha de PLR da Petrobrás. A audácia e a coragem do inesperado já começam a incendiar a Bacia e a sua chama parece queimar e contagiar quem estiver próximo.
MIGUEL FRUNGE, DE MACAÉ (RJ)
Fonte: Sítio do PSTU
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