Cleber Rabelo, vereador eleito pelo PSTU na capital paraense, toma posse no dia 1° de janeiro
WILLIAN MOTA, DE BELÉM (PA)
Cleber Rabelo, primeiro vereador
operário de Belém
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O ano de 2012 vai ficar para a história dos operários da construção civil no Brasil e em Belém do Pará. Houve um levante dos trabalhadores do setor em várias capitais e nas grandes obras do PAC e da Copa do Mundo. Desde Jirau (RO) até o Comperj (RJ), passando por Belo Monte (PA), Sueape (PE), Mineirão (MG), Maracanã (RJ) e capitais como Fortaleza e Belém, os trabalhadores demonstraram desde o início do ano enorme disposição de luta para enfrentar o arrocho salarial, as péssimas condições de trabalho e a superexploração por parte dos empresários do setor. O resultado dessas lutas, em geral, foi positivo. Os operários conquistaram reajustes salariais acima da inflação e avançaram em sua organização enquanto classe, muitas vezes passando por cima de sindicatos pelegos, como no caso de Belo Monte, onde o SINTRAPAV foi expulso pelos operários ao fechar um acordo rebaixado com o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) pelas costas dos trabalhadores.
Mas uma das principais vitórias dos operários neste ano de muitas greves e mobilizações foi sem dúvida alguma uma vitória política: a eleição de Cleber Rabelo, um servente de ferreiro, para vereador de Belém. A vitória veio depois de 16 dias de uma greve duríssima contra a patronal, cuja principal preocupação era derrotar a greve para impedir a eleição de um vereador operário e socialista na cidade.
Esta vitória será celebrada com muita alegria pelos trabalhadores e pelos socialistas da cidade, que preparam uma grande festa de posse.
O dia 1° de janeiro de 2013 entrará para a história da classe trabalhadora da cidade. Há um clima de muita expectativa e mesmo de alvoroço entre os trabalhadores de Belém, em particular na categoria da construção civil. Durante a campanha, houve um envolvimento extraordinário dos trabalhadores do setor e ativistas do movimento popular da periferia de Belém.
Todos os dias Cleber, acompanhado de militantes do PSTU e apoiadores da campanha, visitava dois ou três canteiros de obra da cidade – na hora do café da manhã, no almoço e no fim do expediente. Nas visitas, debatia-se e encaminhavam-se soluções imediatas para os problemas cotidianos da exploração e da opressão capitalista sobre os operários, como atraso no pagamento, assédio moral, descontos indevidos, comida estragada. Também se discutia politicamente as razões e as saídas estratégicas para a classe trabalhadora se libertar da tirania desta sociedade comandada pelos patrões, associando o tema com a necessidade dos operários votarem em um trabalhador socialista para fortalecer as lutas diretas no dia-a-dia.
O apoio às lutas dos trabalhadores e a relação direta e cotidiana do vereador eleito com os trabalhadores, o povo pobre e os estudantes é algo que está surpreendendo muitos dos seus eleitores. Cleber tem retornado aos bairros e nos locais de trabalho para agradecer os votos e a reafirmar seus compromissos com as pautas históricas e imediatas dos trabalhadores de Belém.
Apoiando os trabalhadores de Belo Monte
Recentemente Cleber esteve em Altamira, cidade localizada no oeste do Pará, às margens do rio Xingu, onde está sendo construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, para fortalecer a luta dos operários da Usina que foram brutalmente reprimidos em sua greve por melhores condições de trabalho e reajuste salarial, resultando na prisão de cinco trabalhadores. Cleber foi o único parlamentar, mesmo antes de sua posse, que prestou solidariedade ativa à luta dos operários e está empenhado no processo para libertar os presos políticos do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM).
“E um verdadeiro absurdo o que está sendo feito com os operários presos. Todos os fatos indicam que se trata de prisões políticas, para 'dar o exemplo' pra outros 12 mil operários de Belo Monte que se rebelaram contra os baixos salários e as péssimas condições de trabalho. Não há nenhuma prova que incrimine os cinco companheiros, que estão sendo acusados de formação de quadrilha, dano ao patrimônio e incêndio criminoso", explica Cleber. Ele lembra que o próprio laudo do corpo de bombeiros de Altamira concluiu que não há como responsabilizar ninguém pelos incêndios nos canteiros da usina.
"Já solicitamos ao Ministério Público do Estado e à Defensoria Pública que intervenham no sentido da libertação dos cinco trabalhadores. Vamos continuar lutando e denunciando as arbitrariedades dos empreiteiros contra os operários", afirmou Cleber Rabelo.
Os primeiros projetos
A festa da vitória da posse vai ocorrer no dia 5 de janeiro, na sede campestre do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil. A festa também será um ato político que vai discutir com os trabalhadores e estudantes as primeiras iniciativas do mandato. Entre os primeiros projetos de lei a serem apresentados está a luta pela redução dos salários e o fim dos privilégios dos parlamentares. "Afinal, é um absurdo que os servidores públicos municipais ganhem R$ 220,00 de auxílio-alimentação enquanto um vereador receba R$ 13.000,00", afirma Cleber.
Também já estão sendo preparados projetos que visam instituir o passe-livre para estudantes e desempregados, além de um projeto que aumenta os recursos para saúde e educação, em particular para construção de creches públicas, gratuitas e de qualidade nos bairros. Todas as proposições do mandato operário e socialista do PSTU já estão sendo planejadas junto com os movimentos sociais.
Fonte: Sítio do PSTU