quarta-feira, 30 de maio de 2012

Por que ninguém se indignou com as 28 mortes acontecidas nos canteiros de obra de Fortaleza em 2011?

QUANDO A LIBERDADE SERVE APENAS PARA UM GRUPO SOCIAL, NÃO É LIBERDADE DE IMPRENSA E NEM LIBERDADE PLENA


Nos últimos, 23 dias de greve dos operários da construção civil e 13 dias de greve dos trabalhadores gráficos, vimos claramente a quem servem os donos da mídia, e não é a sociedade como um todo.

A mídia de uma sociedade democrática deve primar por princípios éticos que garantam transparência e primem pela verdade dos fatos. Boa parte da mídia no Ceará, prima por seus próprios interesses econômicos e sociais. Repetindo uma velha forma de reprodução do discurso hegemônico sobre os movimentos sociais: A total exclusão ou a criminalização.

Em 13 dias de greve dos trabalhadores gráficos, a sociedade só obteve informação desse processo de luta quando foi interessante responsabilizar uma categoria inteira e sua direção sindical por um ato motivado pela segurança da própria empresa. A luta dos gráficos não existia, ao menos para os leitores cearenses, por que para a categoria que enfrentou práticas ilegais como substituição de grevistas e até o confinamento, ela existe e serve para que pais e mães de família lutem por melhores condições de vida e de trabalho.

E em 23 dias de greve dos operários da construção civil, vimos como é possível a criminalização de um movimento. Embora, a direção da entidade repita constantemente que não incentiva violência, que não fornece bebidas alcoólicas e que defende a liberdade de imprensa. O que vemos é a constante reprodução de noticias que tratam os grevistas como baderneiros, vândalos e bêbados. Chegou-se ao ponto, de se mostrar um trabalhador fumando cigarro Maratá e insinuar que se tratava de um cigarro de maconha.

Imagens de antigos processos de luta são utilizadas para insinuar quebradeira, imagens de funcionários do sindicato fechando um portão são usadas com o mesmo intuito. Uso de câmeras ocultas. Alegações de agressão e vandalismo, sem comprovação de imagem. E tantas outras formas de manipulação da informação que já foram denunciadas em nota pela entidade sindical.

Generalizam-se as exceções. E o que as entidades solicitam? Que mostrem o que está errado, mas não esqueçam a imparcialidade, consultem os dois lados e não acusem sem provas.

Mas, ontem (29/05) a superação de como a imprensa pode julgar fatos chegou ao seu ápice, buscaram declarações de personalidades do Estado, que se pronunciaram sem ao menos ouvir os dois lados, e, diga-se de passagem, pessoas que em tanto tempo de luta desses trabalhadores, jamais se manifestaram em defesa dessas categorias.

Por que, nenhum desses entrevistados questionou as 28 mortes acontecidas nos canteiros de obra de 2011, até hoje? Por que nenhuma delas questionou por que foram substituídos os grevistas gráficos com contratação de outros trabalhadores? Por que em nenhum momento colocaram-se na defesa da luta dos trabalhadores, ou pediram que os patrões mostram-se mais dispostos em negociar?

Quanto ao dia de ontem, mais uma vez, vimos como uma história pode ser construída. Através desta nota, tentamos esclarecer a sociedade e aos jornalistas (trabalhadores), sobre os fatos:

1- O trio elétrico da entidade, onde se encontravam a direção das entidades, cruzava a rua lateral do jornal, quando teve inicio o confronto entre a segurança contratada pelo Diário do Nordeste e alguns trabalhadores;

2- O confronto foi iniciado, pois segundo informações colhidas pela direção do sindicato junto aos trabalhadores, um segurança do jornal teria tirado uma pedra do jardim e chegou a ser orientado para trocar por uma maior;

3- A tentativa de segurar uma pedra, foi impedida por um trabalhador que segurado pelo braço, foi sendo arrastado para o interior do jornal;

4- Foi quando a categoria enfrentou a segurança;

5- Mesmo assim, o presidente do Sindicato dos Gráficos pegou o microfone do carro de som e gritando aos manifestantes pediu que as categorias recuassem e não caíssem em qualquer tipo de provocação;

6- Membros da direção do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil fizeram com seus corpos uma corrente de proteção ao Diário do Nordeste para conter a situação, ironicamente a foto dos dirigentes fazendo a corrente foi capa do próprio jornal;

7- O assessor político do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Valdir Pereira, nunca esteve no local, ao contrário do que foi publicado.

Apesar desta cobertura fora dos códigos de ética da profissão dos jornalistas. As duas entidades sindicais mais uma vez vêm a público afirmar, que não incentivam violência contra jornalistas e são defensores da liberdade de imprensa (o que é diferente de liberdade de mentira ou de liberdade de empresa).

A revolução não será televisionada...

Sindicato dos Gráficos do Estado do Ceará

Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza


domingo, 27 de maio de 2012

Nota Pública Sobre a Nossa Greve

Fortaleza, 25 de maio de 2012

Estamos em nosso 18º dia de Greve. Hoje, realizamos na Praça Portugal mais uma assembleia geral de nossa categoria e votamos, por unanimidade, pela manutenção do processo grevista.
Dirigimo-nos ao povo Cearense para agradecer o apoio e solidariedade que temos recebido ao longo desses dias de imensa batalha e longas caminhadas, onde lutamos por um pouco mais de dignidade, respeito, melhores condições de trabalho e de salário.

Temos enfrentado uma intransigência absurda por parte dos empresários da indústria da construção civil que, obtém lucros exorbitantes com caras vendas de prédios luxuosos que brotam em cada esquina da cidade. Fortaleza, possuí atualmente inúmeros canteiros de obras.

Através desta nota desejamos esclarecer a verdade de nosso movimento, denunciando as informações incompletas, distorcidas e desatualizadas que, infelizmente são veículadas em alguns dos meios de comunicação cearenses.
Para o trabalhador, é muito importante que a população saiba o quanto são modestas as nossas reivindicações:

Piso salarial para o servente de obra: R$ 640,00
Piso Salarial para o meio profissional: R$ 725,00
Salário do profissional: R$ 970,00
Mestre de obras: R$ 1.700,00
Encarregado de obra: 1.150,00
Reajuste para outras profissões de 9,47%
Cesta-básica no valor de R$ 50,00
Não desconto dos dias de greve

Mas, lamentavelmente várias noticias publicadas, ainda citam nossas primeiras propostas, como por exemplo, 17% de reajuste, cesta-básica de R$ 80, etc.
Lutamos também pelo fim das mortes e acidentes de trabalho, desde o ano passado, 28 operários morreram no exercício de sua profissão.

O fato é que os empresários se recusam a dar um aumento de R$ 15,00 mensal no valor da cesta-básica e querem impor um salário miserável de menos de R$ 640,00 , e para conseguir satisfazer sua ganância ainda desencadeiam uma verdadeira campanha que visa criminalizar o direito, LEGAL E LEGITIMO, do exercício da greve.

Somos atacados violentamente por alguns meios de comunicação impressos e televisivos de uma forma extremamente pejorativa e agressiva que suprimem, de maneira intencional, a verdadeira razão do impasse.

Reafirmamos nossa disposição de seguir na luta pelos nossos direitos e contamos com o apoio de todos na defesa por melhores condições de vida e de trabalho.

Somos pais e mães de família, e através deste comunicado, buscamos deixar pública a verdade. 

Nestor Bezerra 
Coordenador Geral do STICCRMF

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Greve da construção civil começa com força total em Fortaleza (CE)

Greve é antecedida por grande plenária unitária

Greve do peão nas ruas da capital cearense

A manhã desta terça-feira, 8 de abril, foi agitada em Fortaleza (CE). Os operários da construção civil iniciaram sua greve por tempo indeterminado. O tradicional ponto de encontro da categoria, a Praça Portugal, foi tomada por piquetes que traziam operários dos quatro cantos da cidade.

Às 10h, o sindicato já tinha mobilizado operários de mais de 100 canteiros. Em duas regiões mais distantes foram formadas concentrações próprias. Foi o caso de Messejana, onde mais de 2 mil operários realizaram uma grande passeata.

A forte greve iniciada hoje é parte do ascenso na construção civil que toma conta do país. Assim como nas obras do PAC em Jirau, Pecém, Suape e Comperj, os operários estão com muita disposição de luta. A diferença é que em Fortaleza os operários contam com a direção da CSP-CONLUTAS, que não tem rabo preso com os patrões e nem com os governos.

Plenária unitária leva solidariedade à greve

A noite anterior teve um momento histórico, que já marca a atual greve. A plenária convocada pela CSP-CONLUTAS, central que o sindicato é filiado, contou com a participação de sindicatos da CUT e da Força Sindical. Da primeira veio o sindicato dos Comerciários, da segunda a Construção Pesada.

Participaram também da plenária importantes sindicatos filiados à CSP-CONLUTAS, como rodoviários e confecção feminina. A ANEL e o MTST também estiveram presentes, assim como as oposições e o sindicato dos gráficos sem central.

Segundo Valdir Alves, dirigente operário dos anos 80 e dirigente da CSP-CONLUTAS, “não se via uma plenária como essa há muitos anos. É preciso cercar essa greve de solidariedade”.

Plenária de mulheres operárias fortalece a unidade

As mulheres da categoria têm participado ativamente da greve este ano. A unidade de homens e mulheres operárias contra a exploração só fortalece o movimento grevista. O Movimento Mulheres em Luta – MML vem participando ativamente da greve e hoje organizou uma primeira plenária com estas mulheres.

O fortalecimento das mulheres nesta luta é o caminho para lutar por salário igual para trabalho igual. Algumas companheiras participaram do comando de greve para ganhar mais mulheres para o movimento nos próximos dias.

Comando de greve

Após uma manhã de passeatas e assembleias a vanguarda da greve, diretores e apoiadores de diversas categorias constituíram o comando de greve. No comando a base avaliou o primeiro dia e tirou encaminhamentos para o dia de amanhã. 

O PSTU apoia e participa ativamente da greve com sua militância. Para Francisco Gonzaga, operário e presidente estadual do partido, “é o momento de intensificarmos as mobilizações e cercar a greve de solidariedade. É preciso que chegue moções de apoio de todo o país”.

Governo Estadual utiliza tropa de choque

O ponto baixo do dia de hoje foi por parte do governador Cid Gomes. Com uma prática autoritária o governador utilizou a Tropa de Choque da policia militar para impedir que os operários da obra do Centro de Convenção pudessem participar da greve. Homens fortemente armados, cavalaria e cachorros foram colocados em frente à obra para intimidar os trabalhadores. Mesmo com todo aparato repressivo, parte importante saiu e se juntou aos piqueteiros.

Fonte: Sítio do PSTU